JORNAL VATICANO AVALIA POSITIVAMENTE DISCURSO DE OBAMA NO CAIRO
Cidade do Vaticano, 05 jun (RV) - O jornal vaticano, "L'Osservatore Romano",
faz uma avaliação positiva do discurso pronunciado nesta quinta-feira, pelo presidente
dos EUA, Barack Obama, na Universidade al-Azhar, na capital egípcia, Cairo.
Para
o jornal, "trata-se de um novo início nas relações com o mundo muçulmano", pois Obama
foi além das fórmulas políticas, evocando interesses comuns concretos, em nome de
uma mesma humanidade e das comuns aspirações do homem.
Essas aspirações − acrescenta
o diário vaticano − são "viver em paz e segurança, receber uma educação comum, trabalhar
com dignidade, e amar a família, a comunidade e Deus".
Também o diretor da
Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, ressaltou as palavras de Obama,
afirmando que a política externa dos Estados Unidos coincide, em muitos pontos, com
a política da Santa Sé.
Para Pe. Lombardi, o discurso de Obama foi muito significativo
não somente para as relações entre Estados Unidos e o mundo árabe, mas também na perspectiva
da paz internacional.
Em seu discurso, o presidente norte-americano disse
que busca "um novo começo entre os Estados Unidos e os muçulmanos de todo o mundo",
e que o país "não está, e nunca estará em guerra contra o Islã". "Nós rejeitamos a
mesma coisa que pessoas de qualquer religião: a morte de homens, mulheres e crianças
inocentes."
"Eu vim buscar um novo começo, baseado no interesse e no respeito
recíprocos, baseado no fato que os EUA e o Islã não são excludentes e não precisam
competir" − acrescentou. "Em vez disso, eles se sobrepõem e dividem princípios comuns:
princípios de justiça e progresso, tolerância e dignidade de todos os seres humanos."
O
discurso foi recebido de modo positivo inclusive por outros expoentes eclesiásticos,
como o bispo caldeu do Cairo, Dom Youssef Ibrahim Sarraf, o vigário apostólico dos
latinos de Beirute, Dom Paul Dahdah, e o custódio da Terra Santa, Fr. Pierbattista
Pizzaballa.
O Governo do Iraque o qualificou de "histórico e importante",
e o grupo radical palestino Hamas disse, por meio de um porta-voz, que as palavras
de Obama eram diferentes das de seus antecessores na Casa Branca, mas que "desejos,
esperanças e boas palavras não são suficientes diante da agressão israelense".
O
presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Abu Mazen, cujo mandato não é reconhecido
pelo rival, Hamas, também elogiou o discurso de Obama.
Do lado israelense,
o diretor da Assessoria de Imprensa do Governo, Danny Seaman, recebeu o discurso de
forma mais reticente e disse que a apresentação "não foi ruim". (BF)