2009-06-04 17:17:32

Barack Obama lança uma proposta de diálogo ao mundo muçulmanos e sublinha interesses mútuos


(4/6/2009) Num discurso proferido esta quinta feira na Universidade do Cairo o Presidente dos EUA Barack Obama sublinhou a necessidade das relações entre a América e o mundo muçulmano serem baseadas nos interesses comuns
“Temos responsabilidade de nos juntar para um mundo em que os extremistas não ameacem os nossos povos, que as tropas americanas regressem, um mundo em que israelitas e palestinianos estejam seguros cada um no seu estado, em que a energia nuclear seja usada para fins pacíficos, um mundo em que os governos sirvam os seus cidadãos, e em que os direitos dos filhos de Deus sejam respeitados. Estes são os nossos interesses mútuos. Este é o mundo que queremos. Mas só conseguiremos atingi-lo juntos”.

Antes, Obama falou da sua história pessoal – “um cristão cujo pai veio do Quénia e cuja família incluiu gerações de muçulmanos” e da “dívida da civilização do islão”, mencionando o “conhecimento que permitiu a Renascença europeia”, álgebra, etc. “E demonstrou por palavras e por acções a possibilidade de paz e de unidade racial”.

A América deve ainda começar a olhar para o islão pelo que ele é não pelo que não é, disse Obama, recebendo aplausos. Mas “deve aplicar-se o mesmo princípio à percepção que os muçulmanos têm da América”.

Obama falou do mundo interdependente e dos exemplos da crise financeira ou da gripe para mostrar como uma acção num país afecta muitos outros, passou para o exemplo do extremismo. “Temos de confrontar o extremismo violento em todas as suas formas”, disse, garantindo no entanto que “a América não está nem nunca esteve em guerra com o islão”. Sublinhou que no 11 de Setembro foram mortas mais de 3 mil pessoas inocentes – e citou o Corão: “Quem mata um inocente é como se matasse toda a humanidade”.

Mas “a fé de muitos é muito maior do que o extremismo de muitos”, garantiu o Presidente americano.

Obama falou ainda das guerras no Afeganistão, uma guerra de necessidade e não de escolha, e da guerra do Iraque, uma guerra escolhida.

Em relação ao conflito israelo-palestiniano, Obama tanto referiu a ligação inquebrável entre EUA e Israel como sublinhou que o seu direito a existir está “enraizado numa perseguição que não pode ser negada” como afirmou também que é inegável “o sofrimento dos palestinianos, as humilhações diárias que vêm com a ocupação”. Obama repetiu que a única solução aceitável são dois estados. Aos palestinianos recordou, nomeando o Hamas, a responsabilidade de reconhecer acordos passados e a existência de Israel; aos israelitas afirmou que a continuação da expansão dos colonatos não é aceitável para os EUA.

Quanto às armas nucleares, Obama referiu o contencioso entre o Irão e os EUA, lembrando que os EUA derrubaram um “líder democraticamente eleito no país” – não se esquecendo de referir, claro, as acções iranianas contra os EUA. Mas com a nova abertura americana, o Irão que se definiu durante muitos anos pela sua oposição à América deveria definir-se agora não pelo que está contra, mas pelo futuro que quer.

Quanto ao nuclear, os países têm direito a programas nucleares pacíficos “desde que sigam as regras do Tratado de Não Proliferação”.

O Presidente americano falou ainda de democracia (tentado um equilíbrio entre a defesa da democracia e dos direitos humanos e não mencionar a falta de ambos no regime do país que o acolheu). Ao contrário do seu antecessor, George W. Bush, Obama diz que nenhum país pode impor a democracia a outro. “Mas isso não diminui o meu compromisso de apoio a regimes em que o povo escolhe os seus líderes”.

O que define uma democracia não são apenas as eleições, continuou, mas o respeito pela lei, a liberdade de expressão, a transparência do Governo, a liberdade individual.

A liberdade religiosa foi outro dos pontos do discurso. Obama lembrou a tradição do islão neste aspecto, na Andaluzia muçulmana da Idade Média ou na Indonésia onde viveu em criança, e manifestou preocupação por uma tendência de alguns muçulmanos “definirem a sua fé pela rejeição das outras”.

Para terminar, Obama falou sobre os direitos das mulheres: “não acredito que uma mulher que use véu não seja igual, mas acredito que uma mulher a quem é negada educação não é igual”.

Em conclusão: “os povos do mundo podem viver juntos em paz. Sabemos que essa é a visão de Deus. Agora, esse tem de ser o nosso trabalho aqui na Terra.” E o Presidente terminou: “Obrigado. E que a paz de Deus esteja convosco”.








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