20 ANOS DO MASSACRE DE TIANAMEN: CARDEAL ZEN RECORDA
Cidade do Vaticano, 04 jun (RV) – O massacre da Praça da Paz Celestial (a Praça
Tianamen), em Pequim, completa hoje 20 anos. Por ocasião do aniversário, a publicação
mensal "Missão Hoje", do Pontifício Instituto das Missões Exteriores (PIME) publica
um editorial assinado pelo Cardeal Joseph Zen Ze-Kiun, bispo emérito de Hong Kong.
O expoente da Igreja Católica na China recorda o apelo lançado a seus irmãos,
bispos, alguns meses atrás, pedindo coragem no testemunho, à custa de sacrifícios
e sofrimentos. "A memória dos mártires de Tianamen e dos mártires chineses requer
mais coerência" – reza o editorial.
De modo especial, o cardeal critica os
bispos que participaram das celebrações pelos 50 anos das ordenações episcopais ilícitas
feitas pelo regime comunista.
"Bento XVI – prossegue o cardeal – escreveu
uma carta clara e forte. Mas, no ano passado, ocorreram episódios graves que demonstram
que o regime impede os católicos de aplicarem, na prática, os apelos do papa. Em dezembro
de 2008, 45 bispos e 200 fiéis participaram das celebrações pelo jubileu das ordenações
de 1958, que marcaram formalmente a separação da Igreja da China da Igreja de Roma."
"Para
o Governo, aquele evento significou desprezo pelo papa e pela Igreja, repúdio ao diálogo
e retorno aos velhos sistemas comunistas. Sinto dizer, mas participando, eles se comportaram
de modo incompreensivelmente submisso" sublinhou o cardeal.
"Hoje, mais uma
vez, renovo o apelo de janeiro: Sejam mais corajosos, sigam as palavras de Jesus e
do papa, e não as do Governo. Se vocês, bispos, se deixarem lisonjear pelo Governo,
podem afastar a Igreja da comunhão eclesial. Irmãos bispos, eu lhes suplico: sejam
corajosos e dignos de sua missão, assim como o foram os mártires da Praça da Paz Celestial,
20 anos atrás."
Há 20 anos, o grito de milhares de chineses pela democracia
foi calado com sangue. A luta, pacífica por mudanças mais céleres acabou duramente
atingida pela repressão intransigente do Governo.
Por ocasião deste aniversário,
a Anistia Internacional (AI) denunciou, ontem, que a China redobrou o assédio aos
dissidentes e intensificou a censura em todo o país. A organização sediada em Londres
disse também, que recebeu informações sobre graves perseguições a ativistas de direitos
humanos.
O massacre da Praça da Paz Celestial perpetrado pelo exército chinês
na noite de 3 para 4 de junho de 1989 deixou um saldo de cerca de dois mil mortos,
segundo organizações de defesa dos direitos humanos. (CM)