ÁFRICA: O DIFÍCIL CAMINHO PARA A PAZ NA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO
kinshasa, 03 jun (RV) -Os boinas azuis da ONU e o exército congolês fizeram,
dias atrás, uma operação conjunta contra um grupo de rebeldes hutus ruandenses, na
parte leste da República Democrática do Congo.
Segundo a MONUC – a missão de
paz da ONU – a operação foi necessária para coibir as violências perpetradas pelos
rebeldes contra a população civil.
Embora a guerra civil no Congo tenha acabado,
a situação até hoje não foi pacificada. É o que ressalta o bispo de Bokungu-Ikela,
Dom Fridolin Ambongo, presidente da Comissão "Justiça e Paz", da Conferência Episcopal
Congolesa, entrevistado pela Rádio Vaticano:
Dom Fridolin Ambongo:-
"Não há mais a guerra como anos atrás, mas, mesmo assim, não há paz. Permaneceram
dois grupos de rebeldes que estão fazendo coisas horríveis: matando as pessoas e praticando
violências contra as mulheres. É terrível para nós. Também os soldados governamentais,
quando vão combater os rebeldes, por vezes fazem pior do que os próprios rebeldes
que querem combater. No fim, a vítima é sempre a população congolesa."
O
presidente da Comissão "Justiça e Paz", dos bispos congoleses, fala sobre a urgência
de que as palavras da Igreja no Congo sejam ouvidas:
Dom Fridolin Ambongo:-
"A última vez que nós, bispos, nos encontramos para refletir sobre a situação da violência
no Congo, publicamos uma declaração e depois nos dissemos: a declaração não basta,
devemos falar com os "líderes" deste mundo, dos quais depende a situação no Congo.
Nos meses de novembro e dezembro fomos ao Canadá, EUA, à ONU, também à França e à
Bélgica, para falar com os responsáveis políticos. Após a nossa passagem pela ONU
houve uma mudança positiva no Congo. Por isso, trabalhamos juntos com os bispos de
Ruanda para construirmos uma ponte de paz entre esses povos."
P. Recentemente,
em sua viagem à África, o papa pediu que não se instrumentalizasse a África e seus
problemas, algo muito pertinente no que diz respeito também ao Congo...
Dom
Fridolin Ambongo:- "Ficamos muito contentes ao ouvirmos o papa dizer essas coisas,
porque nós sempre dissemos isso. Ouvir as mesmas coisas da boca do papa foi uma alegria
para nós. Essa é a realidade: todas essas guerras e esse sofrimento do povo são provenientes
dos nossos líderes, alguns são os nossos líderes, mas os verdadeiros líderes estão
fora do Congo, porque o motivo que está por trás da guerra são as nossas riquezas
e são os outros que se aproveitam delas, não o povo congolês."
P. Em outubro
próximo se realizará, no Vaticano, a Assembleia Especial para a África, do Sínodo
dos Bispos. Quais são suas esperanças em relação a esta assembleia?
Dom
Fridolin Ambongo:- "Nós esperamos muito deste Sínodo, porque o tema dele será
justamente a realidade social da África de hoje. Nós, como Igreja, esperamos falar
profundamente dos problemas da África." (RL)