Mensagem dos bispos espanhóis por ocasião do Dia da Caridade. Relação essencial entre
Eucaristia e caridade
(3/6/2009) Por ocasião do Dia da Caridade, assinalado a 14 de Junho, a Comissão Episcopal
da Pastoral Social da Conferência Episcopal espanhola publicou uma mensagem onde destaca
as implicações sociais da Eucaristia. "Há uma relação essencial entre Eucaristia
e caridade. A celebração da Eucaristia tem implicações sociais", afirma o episcopado
espanhol. Desde que a crise financeira começou que um número crescente de homens
e mulheres afectados pela situação social e económica recorre à Cáritas, às paróquias
congregações religiosas e outras instituições eclesiais. "Neles percebemos o clamor
das vítimas e pudemos descobrir os novos rostos da pobreza." A Comissão Episcopal
afirma ter percebido também "outra pobreza, neste caso espiritual", que está entre
as crises materiais, da economia e do trabalho. "É a pobreza de valores e atitudes,
que se manifesta e estende em diversos âmbitos e através de alguns meios de comunicação".
Mas os bispos lembram também a crise educativa que se faz presente nas famílias. Os
sofrimentos causados pela esta crise afectam "sectores cada dia mais amplos e próximos"
e "aumentam os índices de pobreza". O aumento da taxa de desemperro, o crescente
número de pequenas empresas a encerrar e trabalhadores protecção social, as dificuldades
das famílias para pagar as suas hipotecas e outras dívidas e os desequilíbrios emocionais
e relacionais que este quadro gera, "fazem-nos sentir a dor humana em toda a sua crueza
e descobrir que estamos diante de uma grave crise que não parece conjuntural, e que
não só afecta pessoas, mas questiona também as próprias estruturas do vigente modelo
social e económico". O observatório mantido pela Cáritas em Espanha constatou um
aumento dos pedidos de ajuda, mas também "mudanças significativas nos rostos da pobreza".
Os bispos espanhóis lembram os mais vulneráveis, as famílias imigrantes, os desempregados
sem protecção social, famílias e pessoas endividadas que pedem ajuda para necessidades
básicas de alimentação, ajuda psicológica e para a educação de seus filhos. Esta
crise, segundo a Comissão Pastoral, evidencia "uma profunda quebra antropológica e
uma crise de valores morais. A dignidade do ser humano é o valor que entrou em crise
quando a pessoa não é o centro da vida social, económica, empresarial", quando o dinheiro
é um bem em si mesmo "e não em um meio ao serviço da pessoa e do desenvolvimento social". A
nota sublinha que sendo uma época que mostra fragilidades, a crise é também uma oportunidade
para "promover outro modelo social e económico mais humano e justo e para despertar
exemplares respostas de solidariedade." A generosidade entre "amigos e famílias
para enfrentar a crise", o voluntariado, o "esforço de homens da cultura, da economia
e da política, por oferecerem respostas concretas à crise" são exemplos positivos
de como enfrentar a crise. Os bispos assinalam a oportunidade de "rectificar"
as bases da convivência "com valores sólidos" capazes de construir uma "ordem económica
e social mais transparente e justa".