Genebra, 03 jun (RV) - De 18 a 27 de maio passado, realizou-se em Genebra,
a 62ª Assembléia da Organização Mundial da Saúde (OMS). A Santa Sé participou do evento,
com uma delegação chefiada pelo presidente do Pontifício Conselho da Pastoral para
os Agentes de Saúde, Dom Zygmunt Zimowski, que proferiu um discurso aos participantes,
apresentando as reflexões e preocupações da Igreja.
O arcebispo polonês alertou
para a redução ou, em certos casos, até mesmo o cancelamento de programas de assistência
aos sistemas de saúde dos países mais pobres. Eles já estão à beira do colapso, castigados
por doenças endêmicas, epidêmicas e virais, e precisam da corajosa e generosa cooperação
internacional, para promover o progresso humano e integral. Dom Zygmunt ressaltou
a importância das organizações de inspiração religiosa administradas pela Igreja,
na assistência às pessoas que vivem na pobreza. Tais instituições já sofrem profundamente
os efeitos da atual crise econômica, pois não têm acesso a verbas governamentais ou
internacionais.
À parte a sacralidade e a dignidade da vida humana, os valores
que forjam o serviço oferecido pela Igreja baseiam-se em princípios adotados pela
assembléia da OMS: equidade, solidariedade, justiça social e o acesso universal aos
serviços.
O arcebispo recordou que, em numerosos países, o maior desafio,
ao oferecer saúde para todos, é, ainda hoje, a aplicação do princípio da equidade.
Dom Zygmunt pediu que fosse aprovada a proposta em tramitação na assembleia da OMS,
que contém o apelo a desenvolver e alcançar estratégias para melhorar a saúde pública,
especialmente no que diz respeito às injustiças existentes.
Milhões de crianças
em todo o mundo não desenvolvem seu potencial, em virtude das grandes diferenças e
injustiças no campo da saúde. Recentemente, o papa exortou a uma ação mais eficaz
para prevenir doenças e curar os pequenos enfermos, recorrendo aos avanços da ciência
médica e promovendo melhores condições higiênicas e sanitárias, principalmente nos
países menos favorecidos.
O arcebispo concluiu seu pronunciamento, reiterando
que não se pode permitir que essas crianças indefesas, seus pais e os adultos das
comunidades mais pobres do mundo se tornem mais vulneráveis, em razão da crise econômica
global, amplamente alimentada pelo egoísmo e pela ganância. "O código ético deve ser
comum, com normas radicadas na lei natural, inscrita pelo Criador na consciência de
cada ser humano" – disse o prelado, citando palavras do pontífice.
Dom Zygmunt
terminou seu discurso, falando da justiça, que não pode ser criada apenas com modelos
econômicos, mas que se realiza somente quando existem pessoas justas. (CM)