Cidade do Vaticano, 31 mai (RV) - Hoje, 50 dias após a Páscoa, celebra-se o
dia de Pentecostes. O papa presidiu uma missa solene na Basílica de São Pedro, lembrando
o dia em que o Espírito desceu dos céus com seus dons, ensinando-nos a sermos suas
testemunhas e inspirando a evangelização da Igreja como exensão da obra renovadora
de Cristo.
Em sua homilia, Bento XVI pediu uma Igreja ‘menos ocupada com suas
atividades’ e ‘mais dedicada à oração e mais unida’. No dia em que o Evangelho descreve
a descida do Espírito sobre os apóstolos, no Cenáculo, o papa ressaltou o comportamento
interior dos discípulos, todos perseverantes e concordes na oração.
“A concórdia
dos discípulos é a condição para que o Espírito Santo venha a nós, e o pressuposto
da concórdia é a oração. E isso vale também para a Igreja de hoje, para nós, que estamos
aqui reunidos. Se quisermos que o Pentecostes se renove, nos dias de hoje, é preciso
que a Igreja seja menos atarefada com seus empenhos, e como nos ensina Maria, se dedique
mais à união e à oração” - disse o pontífice.
Evocando a imagem do Cenáculo,
onde reunida, a comunidade cristã recebeu o Sopro Inspirador, o papa disse que a metáfora
do vento impetuoso de Pentecostes demonstra como é precioso respirar o ar limpo, seja
com os pulmões como com o coração: o ar salutar do espírito, que é amor!
“O
mundo de hoje está envenenado pela poluição atmosférica, mas também pela poluição
moral, que ofusca mentes e corações, com imagens que transformam o prazer, a violência
ou o desprezo pelo homem e pela mulher em espetáculo. Assim como não devemos nos acostumar
com os venenos do ar, (e por isso, o empenho ecológico é prioritário), não podemos
aceitar aquilo que corrompe o espírito” – recomendou o papa.
Outra imagem do
Espírito é o fogo. Apropriando-se das energias do cosmos – o fogo – o ser humano quer
hoje se afirmar como deus, e transformar o mundo, excluindo, colocando de lado, ou
até mesmo rejeitando o Criador. O homem não quer mais ser imagem de Deus, mas de si
mesmo; e se declara autônomo, livre, adulto. Nas mãos de um homem assim, o fogo e
sua grande potencialidade se tornam perigosos: podem se virar contra a vida e a própria
humanidade, como infelizmente, a história nos mostrou:
“As tragédias de Hiroshima
e Nagasaki, onde a energia atômica, usada com fins bélicos, semeou a morte em proporções
sem precedentes, devem representar uma perene advertência para a humanidade. Poderíamos
citar muitos exemplos, menos graves mas igualmente sintomáticos, em nossa realidade
cotidiana” - prosseguiu, em sua homilia.
Enfim, a narração dos Atos dos Apóstolos
revela ainda que o Espírito Santo venceu o medo. Quando desceu sobre eles, refugiados
no Cenáculo depois da prisão de seu Mestre, saíram sem temor e começaram a anunciar
a todos a boa nova de Cristo, crucificado e ressuscitado.
“Sim, queridos irmãos
e irmãs, onde quer que chegue, o Espírito de Deus afasta o medo; faz-nos conhecer
e sentir que estamos em mãos do Todo-poderoso de amor, e o que quer que aconteça,
seu amor infinito não nos abandona. E o demonstra o testemunho de mártires, a coragem
dos confessores, a valentia dos missionários, a franqueza dos pregadores, o exemplo
de todos os santos, inclusive adolescentes e crianças”.
Enfim, Bento XVI agradeceu
vivamente ao Coral da Catedral de Colônia, que executou a Missa da Harmonia, de Joseph
Haydn, no ano em que decorre o bicentenário de sua morte. “A música e o canto que
acompanharam esta liturgia nos ajudam a sermos concordes na oração: uma sublime sinfonia
para a glória de Deus” – disse. (CM)