2009-05-30 14:13:30

BENTO XVI A DIPLOMATAS: REALIDADES DIVERSAS, DISCURSOS DIFERENTES


Cidade do Vaticano, 30 mai (RV) – Bento XVI recebeu em audiência, nesta sexta-feira, um grupo de embaixadores que estão iniciando sua missão diplomática junto à Santa Sé. Após proferir um discurso comum a todos os diplomatas, Bento XVI entregou em mãos, a cada um deles, um discurso particular.

À embaixadora indiana, Chitra Narayanan, o papa escreveu que deplora os ataques perpetrados contra os cristãos: agressões que se têm verificado com frequência, de um ano para cá, em vários estados do país. Bento XVI se une a governantes e religiosos de todo o mundo, no anseio comum de que todos os membros da família humana gozem de liberdade e pratiquem sua religião, engajados na vida civil e sem temor de expressar a sua fé. "Estou profundamente preocupado pelos cristãos que são vítimas da intolerância e da violência em algumas áreas da Índia" – assegurou.

O pontífice aproveitou a oportunidade para elogiar os esforços realizados pela Índia em confortar os perseguidos, oferecendo-lhes amparo e assistência; e enalteceu também a decisão de instaurar inquéritos e realizar justos para solucionar esse problema. Dirigindo-se diretamente ao povo indiano, o papa pediu que demonstrasse respeito pela dignidade humana, rejeitando o ódio e renunciando à violência, em todas as suas formas.

Por sua vez, a embaixadora de Nova Délhi reiterou que a Índia é um país leigo e democrático no qual os fiéis de todas as crenças têm iguais direitos, assim como previsto na Constituição. "Por este motivo – escreve a diplomata – os casos de violência contra cidadãos, especialmente contra minorias, são condenados pelo Governo, e as medidas corretivas continuam sendo sua maior prioridade, assim como é constante o compromisso em promover o respeito recíproco e a coexistência pacífica não apenas entre os povos, mas entre todas as nações".

Ao receber as credenciais do embaixador norueguês, Rolf Trolle Andersen, o papa também lhe entregou uma mensagem. Neste caso, Bento XVI abordou a questão médio-oriental, recordando a vocação norueguesa para mediar conflitos, e citando as palavras de Jesus: "Benditos sejam os pacificadores". O papa expressou votos de que prevaleça, entre israelenses e palestinos, o espírito dos Acordos de Oslo.

"Espero e rezo para que o espírito de reconciliação e o objetivo de justiça que inspiraram os Acordos de Oslo se perpetuem, e levem uma paz duradoura aos povos desta região, tão atormentada" – escreveu o papa ao diplomata norueguês.

Os Acordos de Paz, de Oslo, entre israelenses e palestinos, foram assinados entre o primeiro-ministro israelense, Isaac Rabin, e o então presidente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Yasser Arafat, em setembro de 1993, na Casa Branca, sob os auspícios do então presidente dos EUA, Bill Clinton.

No discurso redigido em inglês, ao embaixador da Mongólia, Danzannorov Boldbaatar, o papa elogia a abertura do povo mongol às demais religiões, considerando-o um exemplo para toda a humanidade. A atual Constituição da Mongólia, que esteve sob regime comunista até 1990, reconhece a liberdade religiosa como um direito fundamental.

Bento XVI escreveu que "as pessoas que praticam a tolerância religiosa têm a obrigação de compartilhar a sabedoria dessa doutrina com toda a família humana, a fim de que todo homem e mulher possam perceber a beleza da convivência pacífica, e encontrar a coragem de construir uma sociedade que respeite a dignidade humana e observe o mandamento de amar seu próximo".

Ao constatar as boas relações entre a Mongólia e a Santa Sé, o pontífice citou a dedicação da Catedral aos santos Pedro e Paulo, em julho de 2002, quando foi celebrado o 10º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas.

A Mongólia tem três milhões de habitantes, em sua maioria, budistas tibetanos. Os católicos são poucas centenas que vivem em comunidades surgidas após a queda do regime comunista.

Hoje, a Igreja no país conta apenas um bispo, Dom Wenceslao Padilla, da Congregação do Coração Imaculado de Maria, prefeito apostólico de Ulan Bator. (CM)







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