Cidade do Vaticano, 28 mai (RV) - Bento XVI encontrou-se, no final da manhã
desta quinta-feira, com os bispos italianos reunidos na Sala do Sínodo, no Vaticano,
para a sua assembléia geral.
No discurso que dirigiu aos prelados, o Santo
Padre sublinhou, antes de tudo, que sua presença na assembléia tinha como objetivo
confirmar a comunhão eclesial que ele viu constantemente aumentar e concretizar-se
entre os bispos italianos.
O papa salientou que os bispos italianos, nos dias
passados, puderam ouvir, refletir e discutir sobre a necessidade de elaborar um projeto
educativo que nasça de uma coerente e completa visão do homem. "Num tempo em que é
grande o fascínio de concepções relativistas e niilistas da vida, e no qual a própria
legitimidade da educação é colocada em discussão, a primeira contribuição que podemos
oferecer – disse o pontífice − é o testemunho de nossa confiança na vida e no homem,
na sua razão e na sua capacidade de amar."
Em seguida, Bento XVI recordou que,
no próximo domingo, encerrar-se-á o triênio da "Ágora dos jovens italianos", que viu
engajada a Conferência Episcopal Italiana, num percurso articulado de animação da
pastoral juvenil, e que constitui um convite a verificar o caminho educativo em ato,
e a realizar novos projetos para as novas gerações.
"A dificuldade de formar
autênticos cristãos se entrelaça até confundir-se, com a dificuldade de fazer crescer
homens e mulheres responsáveis e maduros, nos quais a consciência da verdade e do
bem, e a livre adesão a estes valores estejam no centro do projeto educativo. Por
isso, junto com um adequado projeto de educação está a necessidade de educadores bem
formados, para os quais as novas gerações possam olhar com confiança. Um verdadeiro
educador coloca em jogo em primeiro lugar sua própria pessoa e sabe unir autoridade
e exemplo, na tarefa de educar aqueles que lhe são confiados."
Bento XVI recordou
o profundo sentido de solidariedade do povo italiano, que se exprime com particular
intensidade em algumas circunstâncias dramáticas do país, como o devastador terremoto
que atingiu, recentemente, a região de Abruzzo.
"Eu tive a oportunidade, durante
minha visita àquela terra tragicamente ferida, de ver pessoalmente, o luto, a dor
e os desastres provocados pelo terrível terremoto, mas também pude ver a fortaleza
de espírito daquelas populações junto com o movimento de solidariedade que teve início
em todas as partes da Itália. Nossas comunidades responderam com grande generosidade
ao pedido de ajuda proveniente daquela região, sustentando as iniciativas promovidas
pela Conferência Episcopal através da Caritas. Desejo – continuou Bento XVI - renovar
aos bispos de Abruzzo e, através deles, às comunidades locais, minha constante oração
e afetuosa solidariedade."
O Santo Padre citou os efeitos da crise financeira
e econômica que atingiu duramente o cenário global e, de vários modos todos os países.
Apesar das medidas tomadas em vários níveis, os efeitos sociais da crise não deixam
de ser sentidos e, de modo particular, nas camadas mais vulneráveis da sociedade e
nas famílias.
"Desejo expressar meu apreço e encorajamento – sublinhou o pontífice
− à iniciativa do fundo de solidariedade do Episcopado, denominada "Empréstimo da
esperança", que terá, precisamente no próximo domingo, um momento de participação
de todos na coleta nacional, que constitui a base do próprio fundo."
Num momento
de dificuldade − disse o Santo Padre − que atinge de modo particular aqueles que perderam
seus empregos, essa iniciativa torna-se um verdadeiro ato de culto, que nasce da caridade
suscitada pelo Espírito do Ressuscitado no coração dos fiéis. É um anúncio eloquente
da conversão interior, gerada pelo Evangelho e uma manifestação tocante da comunidade
eclesial.
O papa finalizou seu discurso, recordando o compromisso de promoção
de uma mentalidade em favor da vida em todos os seus aspectos e momentos, com especial
atenção à vida marcada por condições de grande fragilidade e precariedade. Tal compromisso
é testemunhado pela manifestação "Livres para viver. Amar a vida até o fim", que vê
o laicato católico italiano concorde em trabalhar, a fim de que não falte no país
a consciência da plena verdade sobre o homem e promoção do autêntico bem da pessoa
e da sociedade. (SP)