PAPA: "ASCENSÃO NOS CONVIDA A UMA COMUNHÃO COM JESUS, PRESENTE NA VIDA DE CADA UM
DE NÓS"
Cassino, 24 mai (RV) - Na solenidade da Ascensão do Senhor, Bento XVI realizou
uma visita pastoral à cidade de Cassino e à abadia de Montecassino, na região italiana
do Lácio, onde São Bento de Núrcia fundou o monaquismo ocidental.
No programa
da visita pastoral, o papa celebrou a Santa Missa na "Praça Miranda", no coração da
cidade de Cassino, diante de 20 mil pessoas.
Em sua homilia, o pontífice falou
do significado da Ascensão de Cristo, que não está presente em um único texto, proposto
pela leitura do dia, mas em toda a Sagrada Escritura. "No Cristo que ascendeu ao céu,
o ser humano entrou de modo incrível e novo na intimidade de Deus; o homem encontrou
para sempre espaço em Deus."
O céu – explicou o papa – não indica um lugar
acima das estrelas, mas algo muito mais sublime: indica o próprio Cristo, a Pessoa
divina que acolhe plenamente e para sempre a humanidade, Aquele no qual Deus e o homem
estão para sempre inseparavelmente unidos.
"E nós nos aproximamos do céu,
ou melhor, entramos no céu na medida em que nos aproximamos de Jesus e entramos em
comunhão com Ele. Portanto, a solenidade da Ascensão nos convida a uma comunhão profunda
com Jesus morto e ressuscitado, invisivelmente presente na vida de cada um de nós."
O
evangelista Lucas relata que, depois da Ascensão, os discípulos voltaram a Jerusalém
"com grande alegria". "Como eles, também nós não devemos ficar parados, fixando o
céu, mas, sob a guia do Espírito Santo, devemos ir a todos os lugares e proclamar
o anúncio salvífico da morte e da ressurreição de Cristo."
O mistério da ressurreição
e da ascensão de Cristo – continuou o pontífice – nos ajuda a reconhecer e a compreender
a condição transcendente e escatológica da Igreja, que não nasceu e não vive para
suprir a ausência do seu Senhor "desaparecido", mas encontra a razão do seu ser e
da sua missão na invisível presença de Jesus. Em outras palavras, a Igreja não desempenha
a função de preparar o retorno de um Jesus "ausente", mas, pelo contrário, vive e
atua para proclamar a sua "presença gloriosa" de maneira histórica e existencial.
Comentando
sua visita a Montecassino, o papa falou da herança de S. Bento e do seu ensinamento
de nada antepor a Cristo, Christo nihil omnino praeponere. Isso nos impulsiona
a construir uma sociedade onde a solidariedade seja expressa por sinais concretos.
Mas como? – questionou o papa.
A espiritualidade beneditina propõe um programa
evangélico sintetizado na expressão "ora et labora et lege": a oração, o trabalho
e a cultura.
A oração – explicou o papa – é a vereda silenciosa que nos conduz
diretamente ao coração de Deus; é o respiro da alma que nos doa novamente paz nas
tempestades da vida.
O trabalho é outro pilar da espiritualidade beneditina,
em especial a humanização do mundo do trabalho. O papa então falou da situação crítica
de muitos operários da região. "Expresso a minha solidariedade às pessoas que vivem
em uma precariedade preocupante, aos trabalhadores que tiveram seus contratos profissionais
suspensos e àqueles que foram até mesmo demitidos."
O papa pediu então que
sejam encontradas soluções para a crise, criando novos postos de trabalho para que
as famílias sejam salvaguardadas.
Por fim, a cultura e a educação, que o monaquismo
promove hoje através da transmissão aos jovens dos valores irrenunciáveis do patrimônio
humano e cristão. E neste esforço voltado a criar um novo humanismo, Bento XVI destacou
a atenção dispensada ao homem frágil, débil, às pessoas com necessidades especiais
e aos imigrantes.
"A comunidade que vive em volta de Montecassino – concluiu
o papa – é herdeira e depositária da missão de proclamar que, na nossa vida, ninguém
e nada deve tirar o primeiro lugar de Jesus; da missão de construir, em nome de Cristo,
uma nova humanidade marcada pelo acolhimento e pela ajuda aos mais fracos." (BF)