Tecnologias da comunicação, educação para todos, educação intercultural: três intervenções
do Observador Permanente na UNESCO
Tecnologias da informação e da comunicação, educação para todos e educação intercultural:
estes os três pontos abordados há dias pelo arcebispo D. Francesco Follo, Observador
permanente da Santa Sé junto da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura), intervindo numa sessão do respectivo Conselho Executivo, em Paris.
Três pronunciamentos sobre temas diferentes, ligados a um único apelo: fazer com que
tanto a comunicação como a educação tenham o homem como primeiro objectivo, entendido
como pessoa e portador de dignidade. Na intervenção sobre as tecnologias da informação
e da comunicação, o prelado reiterou que a Santa Sé encoraja os esforços para a formação
tecnológica e informática nos países emergentes, desde que tal formação "não se limite
a uma dimensão técnico-profissional, mas tome em consideração o homem", ou seja, o
desenvolvimento do indivíduo, o respeito pelo outro e o bem comum. Neste sentido,
Mons. Follo exprimiu o apoio da Santa Sé à luta da UNESCO contra o abuso e a manipulação
da informação. No segundo pronunciamento, o prelado insistiu na necessidade de
que se garanta a todos educação adequada, sobretudo nos países emergentes, nomeadamente
em África. Sugeridas, a este propósito, duas estratégicas: antes de mais, dar importância
à escola, onde o aluno aprende as regras de vida fundamentais. aquelas regras cuja
falta provoca a violência juvenil. A escola é "o primeiro lugar da socialização",
onde "se aprende a viver em grupo, a respeitar o outro, a escutar e a partilhar" –
recordou Mons. Follo. Segunda estratégia: paridade de acesso aos estudos para homens
e mulheres. “A mulher e o homem têm carismas complementares: existem valores tipicamente
masculinos, como a utopia, a criatividade, a diplomacia, a maestria; e valores tipicamente
femininos, como o realismo, a atenção, a resistência, a tenacidade, a capacidade de
comunicar". Ora, "a educação tem como primeiro objectivo a formação de seres livres",
segundo três critérios: abertura ao outro; desenvolvimento da interioridade; consciência
de si e do outro.
O terceiro e último pronunciamento de Mons. Follo foi dedicado
à educação intercultural. “Há hoje a tendência de orientar a educação segundo um modelo
puramente produtivo". Ora, "uma orientação unilateral da educação voltada para critérios
de eficácia não pode deixar de ter graves consequências". A actual crise financeira
"é rica de ensinamentos a esse respeito": “só a pessoa que concebe a relação com os
outros para além de critérios de produtividade, pode apreciar as coisas em seu justo
valor", porque "as relações sociais são um fim e não um meio". “A educação realiza
plenamente sua vocação, quando os adolescentes entram conscientemente em contacto
com outras culturas, aprendendo uns com os outros".