A celebração do cinquentenário do Santuário do Cristo Rei presidida pelo enviado
especial de Bento XVI
(18/5/2009) Milhares de pessoas reuniram-se em volta do Santuário de Cristo Rei,
em Almada, para a Missa aniversária que encerrou as comemorações do cinquentenário
deste monumento. A Missa foi presidida pelo Cardeal José Saraiva Martins, enviado
especial de Bento XVI, que destacou a dimensão nacional do Santuário e a sua importância
como símbolo de paz. O Prelado falou do monumento como um “projecto nacional”
que, após a II Guerra Mundial, se tornou “um ex-voto tornado santuário nacional, em
preito de gratidão a Deus pelo dom da paz”. “Construído com a colaboração de muitos
- e também graças à renúncia e partilha de milhares de crianças - é um gesto colectivo
da Igreja de Portugal, que exprime a comunhão entre todos os seus filhos, pastores
e leigos”, precisou. O enviado do Papa disse que "este é o monumento da paz e
lembra-nos que a paz é uma das exigências maiores do tempo actual, deve lembrar-nos
que a paz tem de ser construída não pelos canhões, não pelas armas, mas pelo amor,
pelo respeito do homem e da sua dignidade, dos seus direitos fundamentais, das suas
aspirações". "Só assim contribuiremos para construir realmente a paz, fundada
na justiça, na verdade, não no ódio, não na desigualdade, não na desconfiança. Esta
é uma lição que nos dá hoje o monumento ao Cristo Rei", prosseguiu. Antes, fora
transmitida a mensagem - saudação que o próprio Papa dirigira a Portugal, neste domingo
ao meio dia antes da recitação do Regina Coeli, por ocasião destas comemorações. Bento
XVI, pediu que Portugal seja “fiel na fé católica, fértil na santidade, próspero
na economia, justo na partilha da riqueza, fraterno no desenvolvimento, alegre no
serviço público”. A celebração no Santuário de Cristo Rei fora introduzida por
uma saudação do Bispo de Setúbal, D. Gilberto Canavarro Reis. Mais de 20 Bispos portugueses,
representantes dos episcopados lusófonos e líderes militares e políticos marcaram
presença na celebração, com destaque para o presidente da República, Aníbal Cavaco
Silva, o presidente da Assembleia, Jaime Gama, e o ministro da presidência, Pedro
Silva Pereira. Na sua homilia, o Cardeal Saraiva Martins disse que a celebração
dos 50 anos é “uma expressão de reiterada gratidão nacional, mas também de renovado
empenho pessoal, comunitário e eclesial”. Depois de apresentar uma reflexão sobre
a simbologia do coração de Jesus e da realeza de Cristo, o Cardeal português defendeu
que “o amor a Cristo, centro da sua vida e mensagem, só será verdadeiro se, partindo
do nosso íntimo, se manifestar ao nosso próximo, levando-nos a sair e a esquecer-nos
de nós mesmos para ir ao seu encontro de braços abertos, para o acolher e aceitar
incondicionalmente, com amizade, respeito e confiança”. O prefeito emérito da
Congregação para as Causas dos Santos sublinhou a presença da imagem de Nossa Senhora
de Fátima, tal como há 50 anos, destacando que “a mensagem de Fátima é, com efeito,
essencialmente, uma mensagem eucarística, de amor e de paz”. “Renovemos a nossa
fé em Cristo Rei, no seu Sagrado Coração e no da Sua e nossa Mãe. Confiemos-lhes,
de novo, o nosso País e toda a humanidade, para que o seu amor reine e o mundo tenha
paz: a paz dos corações enfim reconciliados; a paz nas nossas famílias e locais de
trabalho; a paz nas nossas comunidades eclesiais e em toda a Igreja; a paz no nosso
país e no mundo inteiro”, apelou. Em conclusão, o enviado do Papa exortou os presentes
a serem "defensores da vida em todas as circunstâncias, desde o seu início até ao
seu fim natural" e a estarem "atentos à salvaguarda da criação”. Depois da homilia,
diante do Bispo de Setúbal, o Arcebispo do Rio de Janeiro, D. Orani Tempesta, foi
oficializada a geminação entre o Santuário de Cristo Rei e o Santuário do Cristo Redentor
do Corcovado, no Brasil. Além dos dois prelados, assinaram o documento os respectivos
reitores, tendo ainda havido troca simbólica de imagens dos respectivos Cristos Rei.
O Arcebispo do Rio destacou, na sua intervenção, a “cultura religiosa” que Portugal
levou para o Brasil e falou da importância do acto de geminação assinado este Domingo,
que faz destes santuários “irmãos”. D. Gilberto Reis, por seu lado, deixou votos
de que esse gesto “estimule o nosso mundo a ser um mundo de laços cada vez mais profundos
e variados, que globalizem o amor e a paz”. A Missa desta tarde concluiu-se com
a renovação da Consagração de Portugal ao Sagrado Coração de Jesus, lida pelo Cardeal
Saraiva Martins, e uma intervenção de D. Jorge Ortiga, presidente da Conferência Episcopal
Portuguesa, o qual quis manifestar a sua gratidão ao Cardeal e ao Papa, pela atenção
que dedicaram a estas celebrações. O Arcebispo de Braga deixou votos de que “a
Igreja que peregrina em Portugal continue a sentir que sem uma consciência missionária
não está a ser fiel ao Evangelho”. Após o momento de celebração, que se encerrou
este Domingo, D. Jorge Ortiga defendeu que há “diante de nós um trabalho a realizar”.
Este cinquentenário não se viveu apenas com celebrações litúrgicas, dado que na
Sexta-feira decorreu em Lisboa um simpósio sobre a crise, como lembrou o presidente
da CEP: “Em Igreja e como Igreja reflectirmos sobre o dever de reinventar a solidariedade,
fazendo que seja expressão do amor que Cristo nos manifestou”. Depois de afirmar
que “o Santuário de Cristo Rei é um Santuário de Paz”, D. Jorge Ortiga estimulou os
católicos a lutar pelo mundo, numa “nova civilização que espera respostas novas da
Igreja”, alicerçados nos valores da justiça, da igualdade, da fraternidade”. Concluiu
rezando para que em “Portugal continue a estar presente o amor de Cristo pela humanidade
inteira”.