Riad, 16 mai (RV) - O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca, neste
sábado, na Arábia Saudita, para uma visita histórica: a primeira de um chefe de Estado
brasileiro ao país. Lula vai discutir, essencialmente, comércio e investimentos,
num país riquíssimo, que detém uma das maiores reservas de petróleo do mundo, estimada
em 260 bilhões de barris.
O choque será grande: Sob um calor de 36º centígrados,
Lula, acompanhado de dona Marisa, vai se deparar com uma paisagem social, política,
cultural e religiosa radicalmente diferente da nossa. Nesta monarquia da península
arábica governada pela mesma família (al Sa'ud) há mais de um século, pratica-se a
interpretação mais radical do Islamismo: o salafismo ou wahabismo.
De fato,
os fundadores da dinastia Sa'ud, pertencentes à seita islâmica Wahabi, conquistaram
o interior da península arábica no século XVIII, e fundaram o emirado de Nedjed, recuperado
pelos turcos no fim desse mesmo século. Em 1902, Abd al-Aziz (ou Bin Sa'ud) iniciou
a retomada de Nedjed. Ele também liderou o processo de reunificação árabe e conquistou,
em 1924, a cidade santa de Meca. Em 1932, reuniu, sob o nome de Arábia Saudita, os
reinos de Hejaz e Nedjed, que eram governados como unidades separadas desde 1927.
No
wahabismo, a mulher é vista como reprodutora, vive separada dos homens boa parte do
tempo e só pode ir à rua inteiramente coberta de preto.
Um jantar oferecido
pelo Rei Abdullah bin-Abdulaziz al-Saud é o primeiro evento desta visita de Lula.
A Arábia Saudita é o maior mercado do Oriente Médio, com 60% do PIB dos países do
Conselho de Cooperação do Golfo, com o qual o Mercosul negocia o Acordo de Livre Comércio.
O comércio entre os dois países é de US$ 5,5 bilhões.
O Brasil espera ainda,
obter da Arábia Saudita, apoio para a sua candidatura a uma cadeira permanente no
Conselho de Segurança das Nações Unidas. (AF)