2009-05-11 19:46:09

Criar oásis de paz e de meditação profunda, onde de novo se possa escutar a voz de Deus foi o convite do Papa no encontro com as organizações para o diálogo inter-religioso no Auditório de Notre Dame, no Jerusalem Center.


(11/5/2009) Bento XVI teve no fim da tarde desta segunda feira a um encontro com as organizações para o diálogo inter-religioso no Auditório de Notre Dame, no Jerusalem Center.
“Que contribuição pode dar a religião às culturas do mundo, perante os efeitos de uma rápida globalização?” – foi a questão para a qual Bento XVI esboçou uma resposta na sua intervenção.
“Cada cultura, com a sua capacidade interna de dar e receber, é um sinal da unidade da natureza humana” – reflectiu o Papa. “Contudo, o indivíduo nunca se exprime plenamente através da sua própria cultura; pelo contrário, transcende-a, na sua busca constante de qualquer coisa que a ultrapassa”.

“É nesta perspectiva que nós entrevemos, caros amigos, a possibilidade de uma unidade que não é dependente da uniformidade. Embora as diferenças que nós identificamos no diálogo inter-religioso possam por vezes aparecer como barreiras, contudo é necessário que não lancem qualquer sombra sobre o sentido comum de adoração e de respeito pelo universal, pelo absoluto e pela verdade que leva os membros das religiões a falarem entre si, em primeiro lugar”.

“A crença religiosa pressupõe a verdade” – prosseguiu Bento XVI. “A pessoa que crê é alguém que procura a verdade e que dela vive”. Ora, “a verdade deveria ser proposta a todos, pois está ao serviço de todos os membros da sociedade. A verdade ilumina os fundamentos da moral e da ética, e insufla à razão a força de superar os seus próprios limites para dar forma às aspirações mais profundas que temos em comum”.

“Longe de ser uma ameaça para a tolerância perante as diferenças culturais, na sua pluralidade, a verdade torna possível um consenso e permite ao debate público permanecer racional , honesto e sólido, abrindo finalmente o caminho para a paz. Encorajar a vontade de obedecer à verdade, permite de facto alargar a nossa concepção da razão e o seu campo de aplicação e torna possível o diálogo autêntico entre as culturas e as religiões que é tão urgente desenvolver hoje em dia”.

Bento XVI reconheceu que é hoje em dia mais difícil ouvir claramente a voz de Deus, até porque muitas vezes a razão se torna surda ao divino. Há um vazio que não é silêncio, mas sim a cacofonia das exigências do egoísmo, das promessas vãs e das falsas esperanças que na maioria dos casos ocupa os espaços onde Deus nos procura”. Haverá portanto que criar oásis de paz e de meditação profunda, onde de novo se possa escutar a voz de Deus, descoberta no coração da razão universal, onde cada indivíduo, independentemente da sua origem, pertença étnica ou política, ou crença religiosa, possa ser respeitada como pessoa, como um semelhante”.

Quase a concluir o seu denso discurso, Bento XVI saudou expressamente os variados grupos culturais presentes – empenhados por exemplo no diálogo inter-religioso ou na promoção de iniciativas culturais em variados níveis: desde instituições académicas a grupos de pais em dificuldade; desde iniciativas musicais ou artísticas até grupos organizados de diálogo, ou associações caritativas…

“Dia após dia, vós mostrais acreditar que o nosso dever para com Deus não se exprime apenas através do culto que Lhe prestamos, mas também no amor e na preocupação que temos em relação à sociedade, à cultura, ao nosso mundo e a todos os que vivem nesta terra”.

“Há quem queira fazer crer que as nossas diferenças são forçosamente causa de divisão e que por isso deveremos ser, quando muito, tolerados, senão mesmo reduzidos ao silêncio” – observou o Papa. “Mas nós sabemos que as nossas diferenças nunca devem ser desnaturadas a ponto de serem consideradas causa inevitável de fricção ou de tensão entre nós, ou na sociedade no seu conjunto”. Pelo contrário:

“(As nossas diferenças) oferecem-nos uma maravilhosa oportunidade para as pessoas de diferentes religiões viverem juntos com grande respeito, estima e consideração, encorajando-se uns aos outros pelos caminhos de Deus.
Animados por Deus e iluminados por esta verdade, podemos continuar passo a passo com coragem, respeitando tudo o que nos diferencia e promovendo tudo o que nos une como criaturas abençoadas pelo desejo de dar esperança às nossas comunidades e ao mundo! Que Deus nos guie ao longo deste caminho”.










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