Como Bispo de Roma e Sucessor do Apostolo Pedro, reafirmo – como os meus predecessores
– o empenho da Igreja a rezar e a trabalhar para que o ódio nunca mais reine no
coração dos homens.. O Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob é o Deus da paz. Bento
XVI durante a visita ao Memorial de Yad Vashem em Jerusalém
(11/5/2009) Na tarde desta segunda feira Bento XVI visitou o Memorial de Yad Vashem
em Jerusalém, onde se encontrou com seis sobreviventes do Holocausto. Uma visita
rodeada de grande expectativa em Israel e na opinião publica mundial. Para o Papa
foi uma oportunidade para exprimir o seu próprio juízo sobre a Shoah e sobre as
consequências das ideologias que eliminaram Deus dos seus horizontes, da vida pública
e pessoal. Os nomes ( gravados neste monumento ) constituem uma certeza que a memoria
de todos aqueles que sofreram perseguições nunca mais serão esquecidos e que confiando
em Deus é possível esperar no futuro. Vim aqui – disse o Papa – para me deter diante
deste monumento, erigido para honrar a memoria de milhões de hebreus mortos na horrível
tragédia da Shoah. Eles perderam a vida, mas nunca perderão os seus nomes que estão
gravados estavelmente no corações dos seus queridos, dos seus companheiros de prisão
e de todos aqueles que estão decididos a nunca mais permitir que um horror semelhante
possa desonrar a humanidade. Os seus nomes em particular e sobretudo estão gravados
de maneira indelével na memoria de Deus. Que o nome destas vitimas nunca possam
perecer. Que os seus sofrimentos possam nunca mais ser negada, minoradas ou esquecidas.
E que cada pessoa de boa vontade possa vigiar para desenraizar do coração do homem
tudo aquilo que seja capaz de levar a tragédias semelhantes a esta. A Igreja católica
– salientou depois Bento XVI empenhada nos ensinamento de Jesus…prova uma profunda
compaixão pelas vitimas aqui recordadas. Da mesma maneira coloca-se ao lado de todos
aqueles que hoje são sujeitos a perseguições por causa da raça, da cor da pele, da
condição de vida ou da religião - os seus sofrimentos são os seus e sua é a esperança
de justiça. Como Bispo de Roma e Sucessor do Apostolo Pedro, reafirmo – como os meus
predecessores – o empenho da Igreja a rezar e a trabalhar para que o ódio nunca
mais reine no coração dos homens.. O Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob é o Deus
da paz. As Escrituras – acrescentou depois o Papa – ensinam que é nosso dever
recordar ao mundo que este Deus vive, embora ás vezes nos parece difícil compreender
os seus caminhos misteriosos e insondáveis. Fixando o olhar nos rostos reflectidos
no espelho de água que se estende silencioso no interior deste memorial, não se pode
deixar de recordar como cada um deles tem um nome. Posso apenas imaginar – disse
Bento XVI - a expectativa feliz dos seus pais, enquanto esperavam com ânsia o nascimento
dos seus meninos. Que nome daremos a este filho?. O que será dele ou dela? Quem poderia
imaginar que iam ser condenados a um destino tão deplorável?. Enquanto permanecemos
aqui em silencio, o seu grito ecoa ainda nos nossos corações. É um grito – salientou
o Papa – que se levanta contra qualquer acto de injustiça e e de violência. É uma
condenação perene contra o derramamento de sangue inocente. É o grito de Abel que
sobe da terra para o Omnipotente. Professando a nossa confiança inquebrantável em
Deus, prestemos a voz àquele grito com as palavras do Livro das Lamentações tão cheias
de significado, tanto para os hebreus como para os cristãos “É graças ao Senhor
que não fomos aniquilados; sim, não se esgotou a Sua misericórdia. Cada manhã ele
se manifesta; é grande a sua fidelidade. O Senhor é a minha herança, disse a minha
alma, por isso esperarei n’Ele. O Senhor é bom para os que n’Ele confiam, para
a alma que O procura. Bom é esperar em silencio o socorro do Senhor. (3, 22-26)