2009-05-11 10:58:40

BENTO XVI CHEGA A ISRAEL: "VIM PARA REZAR PELA PAZ"


Telaviv, 11 mai (RV) - O Papa Bento XVI deu início, na manhã desta segunda-feira, à segunda parte de sua peregrinação apostólica ao Oriente Médio, transferindo-se de Amã, na Jordânia, para Telaviv, Israel.

O avião pontifício tocou o solo israelense por volta das 11h (horário local, correspondente às 5h de Brasília: a diferença de fuso horário entre Israel e o Brasil é de seis horas).

A cerimônia de boas-vindas realizou-se no aeroporto Ben Gurion. O papa foi acolhido pelo presidente de Israel, Shimon Peres, e pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. Presentes também, autoridades políticas e civis e os ordinários da Terra Santa. Após a execução dos hinos nacionais do Vaticano e de Israel, o presidente israelense fez um discurso de boas-vindas ao pontífice.

Em seguida, Bento XVI dirigiu a palavra ao povo israelense, saudando, antes de tudo, as autoridades presentes e agradecendo a calorosa acolhida "nesta terra – disse o papa – que é considerada santa por milhões de fiéis em todo o mundo".

Após agradecer as palavras do Presidente Shimon Peres e a oportunidade de realizar esta peregrinação em uma terra que se tornou santa, pelas pegadas de patriarcas e profetas, e onde os cristãos têm uma particular veneração pelos lugares dos eventos da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo, Bento XVI disse: "Tomo o meu lugar na longa fila de peregrinos cristãos que vieram a estes lugares, uma fila que remonta ao tempo dos primeiros séculos da história cristã e que, estou certo, continuará a alongar-se no futuro. Como tantos antes de mim, venho para rezar nos Lugares Santos, e rezar de modo especial pela paz, paz para a Terra Santa e paz para todo o mundo."

O pontífice afirmou, em seguida, que a Santa Sé e o Estado de Israel compartilham muitos valores, primeiro entre os quais, o compromisso de reservar à religião, seu legítimo lugar na vida da sociedade. A justa ordem das relações sociais pressupõe e exige o respeito pela liberdade e a dignidade de cada ser humano − afirmou o Santo Padre.

Quando a dimensão religiosa da pessoa humana é negada ou deixada de lado – continuou – é colocado em perigo o próprio fundamento de uma correta compreensão dos direitos humanos inalienáveis.

"Tragicamente, o povo judeu experimentou as terríveis conseqüências de ideologias que negam a dignidade fundamental de cada ser humano. É justo e conveniente que, durante a minha presença em Israel − disse Bento XVI − eu tenha a oportunidade de honrar a memória dos seis milhões de judeus vítimas da shoah, e de rezar a fim de que a humanidade nunca mais tenha que ser testemunha de um crime de semelhante dimensão."

O papa destacou que, infelizmente, o antissemitismo continua a levantar sua repugnante cabeça em muitas partes do mundo, e isso é inaceitável. Todo esforço deve ser feito para combater o antissemitismo em qualquer lugar onde ele se encontre, e para promover o respeito e a estima por todos os povos, raças, línguas e nações em todo o mundo.

O Santo Padre destacou ainda que, durante sua permanência em Jerusalém, ele terá a oportunidade de se encontrar com vários líderes religiosos do país, acrescentando que as três grandes religiões monoteístas têm em comum uma veneração especial por essa Cidade Santa. É minha esperança – disse o papa − que todos os que peregrinam aos Lugares Santos tenham a possibilidade de aceder livremente e sem restrições, de participar das cerimônias religiosas e de promover a manutenção dos edifícios de culto que se encontram nos espaços sagrados.

Falando sobre Jerusalém, Bento XVI disse que, ainda que seu nome signifique "cidade da paz", é evidente que, por decênios, a paz foi tragicamente negada aos habitantes da Terra Santa. Os olhos do mundo estão voltados para os povos desta região – sublinhou o pontífice − enquanto eles lutam para alcançar uma solução justa e duradoura para os conflitos que causaram tantos sofrimentos.

"As esperanças de numerosos homens, mulheres e crianças num futuro mais seguro e mais estável dependem do êxito das negociações de paz entre israelenses e palestinos. Em união com todos os homens de boa vontade, suplico a todos aqueles que têm responsabilidades nesse âmbito − disse o Santo Padre − que explorem todos os caminhos possíveis para a busca de uma solução justa para as enormes dificuldades, a fim de que ambos os povos possam viver em paz, em suas próprias pátrias, no âmbito de fronteiras seguras e internacionalmente reconhecidas.

Com tal finalidade, destacou ainda o Papa, "espero e rezo que se possa, em breve tempo, criar um clima de maior confiança, que permita às partes realizar progressos reais ao longo da estrada rumo à paz e à estabilidade".

O Santo Padre saudou também, os bispos e os fiéis católicos presentes, estendendo seu olhar às comunidades cristãs da Terra Santa. Através de seu fiel testemunho Àquele que pregou o perdão e a reconciliação, através de seu compromisso em defender a sacralidade de cada vida humana, vocês – disse Bento XVI – "podem dar uma particular contribuição, a fim de que terminem as hostilidades que, por tanto tempo, afligem esta terra."

"Peço que sua contínua presença em Israel e nos Territórios Palestinos produza muitos frutos na promoção da paz e do respeito recíproco entre os povos que vivem nas terras da Bíblia" − destacou.

Na conclusão de seu discurso, dirigindo-se ao presidente israelense e aos presentes, o pontífice agradeceu, mais uma vez, a calorosa acolhida que lhe foi reservada, e pediu a Deus que dê forças e abençoe o seu povo com a paz.

Pe. Fintan Loles, dos Legionários de Cristo, de Itapecerica da Serra, SP, que estuda Sagrada Escritura em Jerusalém, nos fala sobre a importância da visita do papa a Jerusalém RealAudioMP3

Após a cerimônia de boas-vindas o papa se transferiu, de helicóptero, para Jerusalém, que fica a 60km de Telaviv. Bento XVI almoça na sede da Delegação Apostólica em Jerusalém. À tarde, o pontífice fará uma visita de cortesia ao presidente de Israel, Shimon Peres, no palácio presidencial.

A seguir, visitará o memorial "Yad Vashem", em Jerusalém, o monumento em memória das vítimas do holocausto, onde são conservadas algumas urnas com as cinzas de prisioneiros dos campos de extermínio nazistas. No final do dia, o Santo Padre irá ao "Notre Dame of Jerusalem Centre", onde manterá um encontro com organizações de diálogo inter-religioso. Participam do encontro cerca de 500 pessoas.

Para a manhã desta terça-feira está prevista uma visita à Esplanada das Mesquitas, e ao Muro Ocidental − o Muro das Lamentações – além da oração mariana do "Regina Coeli", no Cenáculo. (SP)







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