BENTO XVI CHEGA A ISRAEL: "VIM PARA REZAR PELA PAZ"
Telaviv, 11 mai (RV) - O Papa Bento XVI deu início, na manhã desta segunda-feira,
à segunda parte de sua peregrinação apostólica ao Oriente Médio, transferindo-se de
Amã, na Jordânia, para Telaviv, Israel.
O avião pontifício tocou o solo israelense
por volta das 11h (horário local, correspondente às 5h de Brasília: a diferença de
fuso horário entre Israel e o Brasil é de seis horas).
A cerimônia de boas-vindas
realizou-se no aeroporto Ben Gurion. O papa foi acolhido pelo presidente de Israel,
Shimon Peres, e pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. Presentes também, autoridades
políticas e civis e os ordinários da Terra Santa. Após a execução dos hinos nacionais
do Vaticano e de Israel, o presidente israelense fez um discurso de boas-vindas ao
pontífice.
Em seguida, Bento XVI dirigiu a palavra ao povo israelense, saudando,
antes de tudo, as autoridades presentes e agradecendo a calorosa acolhida "nesta terra
– disse o papa – que é considerada santa por milhões de fiéis em todo o mundo".
Após
agradecer as palavras do Presidente Shimon Peres e a oportunidade de realizar esta
peregrinação em uma terra que se tornou santa, pelas pegadas de patriarcas e profetas,
e onde os cristãos têm uma particular veneração pelos lugares dos eventos da vida,
morte e ressurreição de Jesus Cristo, Bento XVI disse: "Tomo o meu lugar na longa
fila de peregrinos cristãos que vieram a estes lugares, uma fila que remonta ao tempo
dos primeiros séculos da história cristã e que, estou certo, continuará a alongar-se
no futuro. Como tantos antes de mim, venho para rezar nos Lugares Santos, e rezar
de modo especial pela paz, paz para a Terra Santa e paz para todo o mundo."
O
pontífice afirmou, em seguida, que a Santa Sé e o Estado de Israel compartilham muitos
valores, primeiro entre os quais, o compromisso de reservar à religião, seu legítimo
lugar na vida da sociedade. A justa ordem das relações sociais pressupõe e exige o
respeito pela liberdade e a dignidade de cada ser humano − afirmou o Santo Padre.
Quando
a dimensão religiosa da pessoa humana é negada ou deixada de lado – continuou – é
colocado em perigo o próprio fundamento de uma correta compreensão dos direitos humanos
inalienáveis.
"Tragicamente, o povo judeu experimentou as terríveis conseqüências
de ideologias que negam a dignidade fundamental de cada ser humano. É justo e conveniente
que, durante a minha presença em Israel − disse Bento XVI − eu tenha a oportunidade
de honrar a memória dos seis milhões de judeus vítimas da shoah, e de rezar a fim
de que a humanidade nunca mais tenha que ser testemunha de um crime de semelhante
dimensão."
O papa destacou que, infelizmente, o antissemitismo continua a levantar
sua repugnante cabeça em muitas partes do mundo, e isso é inaceitável. Todo esforço
deve ser feito para combater o antissemitismo em qualquer lugar onde ele se encontre,
e para promover o respeito e a estima por todos os povos, raças, línguas e nações
em todo o mundo.
O Santo Padre destacou ainda que, durante sua permanência
em Jerusalém, ele terá a oportunidade de se encontrar com vários líderes religiosos
do país, acrescentando que as três grandes religiões monoteístas têm em comum uma
veneração especial por essa Cidade Santa. É minha esperança – disse o papa − que todos
os que peregrinam aos Lugares Santos tenham a possibilidade de aceder livremente e
sem restrições, de participar das cerimônias religiosas e de promover a manutenção
dos edifícios de culto que se encontram nos espaços sagrados.
Falando sobre
Jerusalém, Bento XVI disse que, ainda que seu nome signifique "cidade da paz", é evidente
que, por decênios, a paz foi tragicamente negada aos habitantes da Terra Santa. Os
olhos do mundo estão voltados para os povos desta região – sublinhou o pontífice −
enquanto eles lutam para alcançar uma solução justa e duradoura para os conflitos
que causaram tantos sofrimentos.
"As esperanças de numerosos homens, mulheres
e crianças num futuro mais seguro e mais estável dependem do êxito das negociações
de paz entre israelenses e palestinos. Em união com todos os homens de boa vontade,
suplico a todos aqueles que têm responsabilidades nesse âmbito − disse o Santo Padre
− que explorem todos os caminhos possíveis para a busca de uma solução justa para
as enormes dificuldades, a fim de que ambos os povos possam viver em paz, em suas
próprias pátrias, no âmbito de fronteiras seguras e internacionalmente reconhecidas.
Com
tal finalidade, destacou ainda o Papa, "espero e rezo que se possa, em breve tempo,
criar um clima de maior confiança, que permita às partes realizar progressos reais
ao longo da estrada rumo à paz e à estabilidade".
O Santo Padre saudou também,
os bispos e os fiéis católicos presentes, estendendo seu olhar às comunidades cristãs
da Terra Santa. Através de seu fiel testemunho Àquele que pregou o perdão e a reconciliação,
através de seu compromisso em defender a sacralidade de cada vida humana, vocês –
disse Bento XVI – "podem dar uma particular contribuição, a fim de que terminem as
hostilidades que, por tanto tempo, afligem esta terra."
"Peço que sua contínua
presença em Israel e nos Territórios Palestinos produza muitos frutos na promoção
da paz e do respeito recíproco entre os povos que vivem nas terras da Bíblia" − destacou.
Na
conclusão de seu discurso, dirigindo-se ao presidente israelense e aos presentes,
o pontífice agradeceu, mais uma vez, a calorosa acolhida que lhe foi reservada, e
pediu a Deus que dê forças e abençoe o seu povo com a paz.
Pe. Fintan Loles,
dos Legionários de Cristo, de Itapecerica da Serra, SP, que estuda Sagrada Escritura
em Jerusalém, nos fala sobre a importância da visita do papa a Jerusalém
Após a cerimônia
de boas-vindas o papa se transferiu, de helicóptero, para Jerusalém, que fica a 60km
de Telaviv. Bento XVI almoça na sede da Delegação Apostólica em Jerusalém. À tarde,
o pontífice fará uma visita de cortesia ao presidente de Israel, Shimon Peres, no
palácio presidencial.
A seguir, visitará o memorial "Yad Vashem", em Jerusalém,
o monumento em memória das vítimas do holocausto, onde são conservadas algumas urnas
com as cinzas de prisioneiros dos campos de extermínio nazistas. No final do dia,
o Santo Padre irá ao "Notre Dame of Jerusalem Centre", onde manterá um encontro com
organizações de diálogo inter-religioso. Participam do encontro cerca de 500 pessoas.
Para
a manhã desta terça-feira está prevista uma visita à Esplanada das Mesquitas, e ao
Muro Ocidental − o Muro das Lamentações – além da oração mariana do "Regina Coeli",
no Cenáculo. (SP)