Jerusalém, 11 mai (RV) - Depois do encontro com o presidente israelense, Bento
XVI se dirigiu para um dos momentos mais aguardados desta viagem: a visita ao Memorial
Yad Vashem, de Jerusalém, que é o monumento à memória das vítimas do holocausto.
O
papa foi acolhido pelo presidente e pelo diretor do Centro, e percorreu a pé o perímetro
do Memorial, até chegar ao ingresso de honra, onde o aguardavam Shimon Peres e o rabino-presidente
do Conselho do Yad Vashem.
Ao tomar a palavra, Bento XVI disse: "Vim aqui para
deter-me em silêncio diante deste monumento, erigido para honrar a memória de milhões
de judeus assassinados na terrível tragédia do holocausto. Eles perderam a própria
vida, mas jamais seus nomes: os nomes estão estavelmente inscritos nos corações de
seus familiares, dos seus companheiros de prisão e de quem combate para impedir que
um horror semelhante possa desonrar novamente a humanidade. Especial e principalmente,
seus nomes estão inscritos de modo indelével na memória de Deus Onipotente."
Como
aconteceu com Abraão − recordou o pontífice − a fé de milhões de judeus foi provada.
Assim como aconteceu com Jacó, também eles se viram imergidos na luta entre o bem
e o mal, enquanto lutavam para discernir os desígnios do Onipotente. "Que o nome dessas
vítimas jamais pereça! Que seus sofrimentos nunca sejam negados, diminuídos ou esquecidos!"
Por sua vez, disse o pontífice, a Igreja Católica sente profunda compaixão
pelas vítimas: "Do mesmo modo, ela se alia com as pessoas que hoje estão sujeitas
a perseguições por causa da raça, da cor, da condição de vida ou da religião: o sofrimento
delas é o sofrimento da Igreja, assim como é sua, a esperança delas por justiça. Como
Bispo de Roma e Sucessor do Apóstolo Pedro, reitero o empenho da Igreja a rezar e
a trabalhar sem cansar, para garantir que o ódio nunca mais reine no coração dos homens."
Mas
é do Livro das Lamentações que Bento XVI tira as palavras para manifestar a confiança
inabalável em Deus – palavras repletas de significado seja para judeus, seja para
cristãos:
"Os favores de Iahweh não terminaram, suas compaixões não se esgotaram; Elas
se renovam todas as manhãs, grande é a sua fidelidade! Eu digo: 'Minha porção
é Iahweh! eis porque nele espero'. Iahweh é bom para quem nele confia, para
aquele que o busca. É bom esperar em silêncio a salvação de Iahweh."
"Queridos
amigos, sou profundamente grato a Deus e a vocês pela oportunidade que me foi dada
de me deter aqui em silêncio: um silêncio para recordar, um silêncio para esperar"
– concluiu o papa. (BF)