O "carisma profético" da mulher evocado por Bento XVI na Missa dominical, em Amã
(10/5/2009) Inteiramente dedicado aos cristãos este terceiro dia da peregrinação
do Papa Bento XVI á Terra Santa. Em Amã, a capital da Jordânia o Santo Padre celebrou
esta manhã a Missa no International Stadium com a presença de fiéis provenientes
também dos países vizinhos, e entre estes um grupo de iraquianos. Foi uma festa
ao ar livre no estádio de Amã onde se congregou a Jordânia cristã, no penúltimo dia
de permanência do Papa no reino de Abdallah II. Desde as 8 horas da manhã milhares
de bandeiras da Jordânia do Vaticano, libanesas, filipinas e iraquianas, eram agitadas
no estádio : uma demonstração da multiculturalidade de um país no qual os cristãos
são pouco mais de 3% da população. Com as boas vindas proferidas em árabe o patriarca
latino de Jerusalém Fouad Twal, concluiu a sua saudação ao Papa no inicio da Missa
que Bento XVI celebrou perante cerca de 20 mil pessoas. O Patriarca latino recordou
que desde o inicio da guerra no Iraque mais de um milhão de refugiados chegaram á
Jordânia e quase 40 mil destes são cristãos. A Igreja jordana – disse - faz de
tudo para lhes assegurar assistência e ir ao encontro das suas exigências pastorais.
A sua presença – comentou é extraordinariamente problemática mas é uma grandíssima
oportunidade para os nossos povos porem em pratica a solidariedade. O Patriarca
Fouad Twal referiu também que pela primeira vez este ano o seminário de Jerusalém
está cheio e foi necessário ampliar as estruturas do edifício. Na homilia, para
além do comentário das leituras da Missa (segundo o calendário litúrgico adoptado
por todos os católicos da Jordânia, era o domingo do Bom Pastor), Bento XVI congratulou-se
por esta celebração eucarística “exprimir a rica diversidade da Igreja Católica na
Terra Santa”. “Como sucessor de são Pedro” – disse – vim até vós “como testemunha
do Salvador Ressuscitado e para vos encorajar a perseverar na fé, na esperança e no
amor, na fidelidade às antigas tradições e à rica história de testemunho cristão que
remonta à época dos Apóstolos”. No meio das dificuldades da hora presente, o Papa
quis deixar uma exortação aos católicos jordanos:
“Aqui a comunidade católica
está profundamente tocada pelas dificuldades e incertezas que afectam toda a população
do Médio Oriente. Nunca esqueçais a grande dignidade que deriva da vossa herança cristã,
e não percais nunca o sentido de amorosa solidariedade por todos os vossos irmãos
e irmãs na Igreja, através do mundo!”
Neste Ano da Família (referiu o Papa),
a Igreja da Terra Santa, reflectiu sobre a família como “mistério de amor em doação,
mistério que faz parte do plano de Deus, com uma sua vocação e missão: irradiar o
Amor divino que é nascente e plenitude de qualquer outro amor das nossas vidas”. Ora
um importante aspecto da reflexão promovida no Ano da Família – sublinhou o Papa –
foi precisamente “a especial dignidade, vocação e missão das mulheres no plano de
Deus”.
“Quanto a Igreja nestas terras deve ao testemunho de fé e de amor de
inumeráveis mães cristãs, Religiosas, professoras, médicas e enfermeiras, e a todas
aquelas mulheres que de diversas maneiras e por vezes com grande coragem dedicaram
a sua vida a construir a paz e a promover o amor!”
“Infelizmente (deplorou
Bento XVI) nem sempre foram suficientemente compreendidas e apreciadas esta dignidade
e missão doadas por Deus às mulheres”.
“A Igreja, e a sociedade no seu conjunto,
tem vindo a tomar consciência de quanto é urgente a necessidade daquilo que o Papa
João Paulo II chamou o carisma profético das mulheres - como portadoras do
amor, mestras de misericórdia e construtoras da paz, levando calor e humanidade a
um mundo que demasiadas vezes julga o valor da pessoa com frios critérios de exploração
e de lucro. Com o testemunho público de respeito pelas mulheres e com a defesa
da inata dignidade de cada pessoa humana, a Igreja na Terra Santa pode dar um importante
contributo ao desenvolvimento de uma cultura de autêntica humanidade e à construção
da civilização do amor”.
“Que a coragem de Cristo nosso pastor vos inspire
e sustenta quotidianamente nos vossos esforços de testemunhar a fé cristã e de manter
a presença da Igreja na transformação do tecido social destas terras” – foram os votos
expressos pelo Papa, na conclusão da homilia:
“Fidelidade às vossas raízes
cristãs, fidelidade à missão da Igreja na Terra Santa, exige de cada um de vós um
género especial de coragem: a coragem da convicção, que nasce da fé pessoal, não um
mera convenção social ou tradição familiar; a coragem de entrar em diálogo e de colaborar
com outros cristãos, ao serviço do Evangelho e na solidariedade para com os pobres,
os deslocados e as vítimas de profundas tragédias humanas; a coragem de construir
novas pontes para tornar possível um encontro frutuoso de pessoas de diferentes religiões
e culturas, enriquecendo assim o tecido da sociedade”.
Antes da bênção final
da Missa, por volta do meio-dia, foi entoado o cântico mariano do tempo pascal “Regina
Coeli”, antecedido como todos os domingos de uma breve alocução do Papa. Bento XVI
salientou que o carisma profético das mulheres, sublinhado na homilia, se encontra
modelarmente presente na Virgem Maria:
“Supremo exemplo das virtudes femininas
é a Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Misericórdia e Rainha da Paz. A ela nos dirigimos
agora invocando a sua protecção maternal para todas as famílias destas terras, para
que possam ser autênticas escolas de oração e de amor. Peçamos à Mãe da Igreja
que lance o seu olhar misericordioso sobre todos os cristãos destas terras. Com a
ajuda das suas orações, possam ser verdadeiramente unidos na fé professada e no testemunho
dado.”