2009-05-09 13:08:08

É a nossa dignidade humana comum que dá nascimento aos direitos humanos universais, os quais valem igualmente para todos os homens e mulheres, qualquer que seja a sua religião e independentemente do grupo étnico ou social a que pertença: Bento XVI aos chefes muçulmanos da Jordânia



(9/5/2009) Bento XVI concluiu a manhã deste sábado na Jordânia com a visita ao Museu Hashemita e á Mesquita Al-Hussein Bin Tal de Amã. No exterior do local de culto encontrou os chefes religiosos muçulmanos, o corpo diplomático e os reitores das Universidades da Jordânia
No seu discurso, o Papa começou por aludir à “esplêndida mesquita” na área da qual se encontravam reunidos, sublinhando que edifícios como estes constituem como pedras preciosas espalhadas pelo mundo. Antigas ou modernas, magnificentes ou modestas, todas estas construções apontam para o Divino, o Transcendente, o Omnipotente. “Através dos séculos, estes santuários atraíram homens e mulheres ao seu espaço sagrado, para aí se recolherem e rezarem, reconhecendo a presença do Omnipotente e confessando-se suas criaturas”.
Bento XVI sublinhou a interpelação que constitui, hoje em dia para os crentes, o facto de haver, e de modo crescente, quem considere que a religião não consegue construir paz e harmonia, nem ser expressão da comunhão entre as pessoas e com Deus. Há mesmo quem pretenda que a religião é necessariamente causa de divisão para o nosso mundo, pelo que seria melhor dar-lhe cada vez menos atenção. De facto – reconheceu o Papa – “não se pode negar a existência de tensões e divisões entre os membros das diversas tradições religiosas”. Mas há que reconhecer que “muitas vezes o verdadeiro catalisador das tensões e divisões, e até mesmo das violências na sociedade, é a manipulação ideológica da religião, por vezes com fins políticos”. Daqui um empenho comum se apresenta a muçulmanos e cristãos:

“Muçulmanos e cristãos, precisamente em razão do peso da sua história comum, tantas vezes marcada por incompreensões, devem esforçar-se hoje por ser conhecidos e reconhecidos como adoradores de Deus, fiéis à oração, firmemente decididos a observar e a viver os mandamentos do Altíssimo, misericordioso e compassivo, coerentes no testemunho que prestam a tudo o que é verdadeiro e bom, e sempre conscientes da origem comum e da dignidade de cada pessoa humana, que se encontra no cume do projecto criador de Deus em relação mundo e à história”.

Bento XVI referiu com apreço o empenho com que a família real da Jordânia e a comunidade diplomática, por vezes em coordenação com o Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso, vem promovendo variadas iniciativas que “levam claramente a um melhor conhecimento recíproco, favorecendo um crescente respeito mútuo. A propósito desta frutuosa cooperação, o Papa avançou uma sua proposta:

“Desejo hoje mencionar uma tarefa que tantas vezes tenho referido e que – disso estou firmemente convencido - Cristãos e Muçulmanos podem assumir, especialmente através das suas respectivas contribuições para o ensino e a educação e para o serviço público. Esta tarefa é o desafio de desenvolver, em vista do bem, em referência à fé e à verdade, o vasto potencial da razão humana”.


Bento XVI recordou que “cristãos e muçulmanos estão chamados a procurar, conjuntamente, o que é justo e verdadeiro”. Interligados entre si, hão-de ultrapassar os próprios interesses, encorajando os outros, em especial os responsáveis, a agirem em conformidade, para poderem ter a satisfação de servir o bem comum, apesar do que isso possa custar em termos pessoais.

“Tenhamos presente que é a nossa dignidade humana comum que dá nascimento aos direitos humanos universais, os quais valem igualmente para todos os homens e mulheres, qualquer que seja a sua religião e independentemente do grupo étnico ou social a que pertença.
A este propósito, há que notar que o direito à liberdade de religião vai para além da mera questão do culto, incluindo - em especial para as minorias – o direito ao acesso ao mercado do trabalho e às outras esferas da vida pública”.

Quase a concluir o seu discurso, referindo com agrado a presença do Patriarca (católico, caldeu) de Bagdad, Sua Beatitude Emanuel III Delly, Bento XVI recordou o grande número de iraquianos refugiados na Jordânia. Ocasião para insistir na necessidade de um empenho geral para criar condições de vida serena para todos os cidadãos do Iraque, incluindo a minoria cristã do país.

“Devem prosseguir os esforços da comunidade internacional, conjuntamente com os dos líderes locais, a favor da paz e da reconciliação, com frutos concretos na vida dos iraquianos. Desejo exprimir o meu reconhecimento a todos os que se empenham em restabelecer a confiança e em reconstruir as instituições e infra-estruturas necessárias à vida desta sociedade.
Uma vez mais convido com insistência os diplomatas e a comunidade internacional que representam, assim como os responsáveis religiosos e políticos locais, a fazerem todo o possível para assegurar à antiga comunidade cristã desta nobre terra os seus direitos fundamentais a uma existência pacífica com o conjunto dos outros cidadãos”.








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