BISPOS DA AMAZÔNIA APÓIAM PROTESTOS DOS INDÍGENAS NO PERU
Lima, 09 mai (RV) - Um grupo de bispos da Amazônia peruana expressou seu apoio
aos protestos dos indígenas locais, que se manifestam desde o dia 9 de abril passado,
contra uma série de decretos que eles consideram lesivos de seus direitos sobre a
terra.
Num comunicado divulgado nesta sexta-feira, pelo diário local "La República",
nove bispos afirmam que as controvertidas e polêmicas normas que motivaram o protesto
dos indígenas peruanos "não trazem um desenvolvimento integral para a população amazônica".
"Pelo
contrário – argumentam os bispos de San José de Amazonas, Yurimaguas, Jaén, Puerto
Maldonado, Moyobamba, Iquitos, San Ramón, Requena e Pucallpa – trazem sérias ameaças
de mais pobreza ainda, para a região."
Os prelados pedem ao Governo e ao Congresso
do Peru que dialoguem e busquem soluções justas e pacíficas em favor do desenvolvimento
integral da região, assim como "a revogação de tais dispositivos legais, e a formulação
de novas normas, com a colaboração das populações amazônicas".
Os bispos recordam
o valor da Amazônia, por sua biodiversidade e criticam o Estado por permitir o desmatamento
de grandes extensões de floresta pluvial, por parte de empresas nacionais e estrangeiras,
além da contaminação de rios, mediante a atividade mineraria e a extração de petróleo
"de maneira irresponsável".
Mais de 50 etnias da Amazônia protestam contra
vários decretos, entre os quais a nova Lei Florestal e da Fauna Silvestre e a Lei
de Recursos Hídricos, porque consideram que tais dispositivos legais lesam seus direitos
de propriedade e destroem seus próprios recursos naturais.
Esses povos reivindicam
ser consultados no que diz respeito a questões relativas a seus territórios, e pedem
uma reforma constitucional, a fim de restabelecer o caráter inalienável, não passível
de embargo e imprescritível dos territórios indígenas. (AF)