Jerusalém 08 mai (RV) - Bento XVI é o terceiro Pontífice da era moderna a visitar
a Terra Santa, depois de Paulo VI e João Paulo II. O Santo Padre visitará os lugares
da vida de Cristo, fazendo-se portador da paz que, infelizmente, falta naquela região.
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após a histórica visita de Paulo VI (janeiro de 1964) e 9 anos depois da memorável
visita de João Paulo II, outro pontífice faz uma peregrinação pelos Lugares Sagrados
da vida de Jesus. E o faz num momento de forte tensão para a atormentada Terra Santa,
onde a trégua após o conflito em Gaza é um mero paliativo que substitui a verdadeira
e duradoura paz.
Bento XVI chega – como ele mesmo disse na Audiência Geral
da última quarta-feira, quando pediu aos fiéis que rezassem por esta sua viagem –
"para rezar pelo dom da paz e da unidade".
O clima de grande esperança sociopolítica
suscitado pela visita de João Paulo II, no ano 2000, parece ter desaparecido; a população
local manifesta um sentimento de resignação. Parece também, que desapareceram as polêmicas
sobre Regensburg, por parte dos muçulmanos, e sobre o caso do bispo léfebvriano negacionista,
Dom Williamson, no que diz respeito aos judeus.
O papa é esperando nos Territórios
Autônomos Palestinos, pelas autoridades políticas, divididas após a ruptura com o
Hamas, em Gaza, e pelos refugiados do Campo de Aida que, desde 1948 (guerra árabe-israelense)
vivem em condições de extrema pobreza. Um gesto para manifestar a solidariedade do
papa aos sofrimentos do povo palestino.
De Gaza, mais de 200 árabes cristãos
receberam permissão para entrar em Israel, para as missas em Jerusalém e Belém. Os
pedidos feitos pelos cristãos da Jordânia receberam tratamento diverso: dos 15 mil
apresentados, 11 mil receberam resposta positiva.
Nessa terra onde Jesus realizou
sua missão, o pontífice deverá dar, novamente, esperança aos cristãos locais: somente
em Jerusalém, no momento da criação do Estado de Israel, viviam cerca de 24 mil cristãos.
Hoje, são pouco mais de seis mil. Cristãos que emigram por falta de moradia, pela
incerteza do trabalho e pela precariedade do futuro dos filhos, numa sociedade muitas
vezes hostil.
A tudo isso, devemos acrescentar o desmembramento de muitas
famílias, em consequência do muro de separação construído por Israel, que dividiu
até mesmo casais residentes nos Territórios Palestinos.
As autoridades israelenses
atribuem grande importância a esta visita do Santo Padre, e estanciaram 10 milhões
de euros para sua organização; outros 10 milhões de euros para as 44 escolas católicas,
de modo que seus 24 mil estudantes cristãos e muçulmanos pudessem se preparar, adequadamente,
para a visita. O presidente israelense, Shimon Peres, fala de "evento tocante e de
grande importância, do qual brota um ar de paz e de esperança".
Os jornais
focalizam mais a preparação do que comentários paralelos, enquanto a rádio estatal
continua a divulgar spots sobre os eventos da visita pontifícia. O programa
em Jerusalém prevê também, uma visita ao memorial "Yad Vashem", o monumento em memória
das vítimas do holocausto. Mas o pontífice não entrará no Museu Histórico anexo, que
contém uma escrita ofensiva ao Papa Pio XII.
Bento XVI se faz peregrino de
paz, para reafirmar – como disse na sua mensagem para a última Páscoa – que "Cristo
tem necessidade de homens e mulheres que O ajudem, em todo tempo e lugar, a afirmar
Sua vitória com as armas da justiça e da verdade, da misericórdia, do perdão e do
amor". (SP)