Consequências da crise financeira internacional assumem aspectos equivalentes a crimes
contra a humanidade.
(6/5/2009) As consequências da crise financeira “assumem aspectos equivalentes a
crimes contra a humanidade” e, por isso, deveriam ser submetidas ao “enquadramento
jurídico internacional”, considerou Ombretta Fumagalli Carulli professora de Direito
canónico na Universidade Católica de Milão, esta quarta feira durante a conferência
de imprensa de apresentação das conclusões finais da 15ª Sessão da Academia Pontifícia
das Ciências Sociais, centrada na «Doutrina social católica e direitos humanos». A
Academia Pontifícia das Ciências Sociais é o organismo que tem por objectivo aprofundar
a Doutrina Social da Igreja nas áreas de Direito, Economia, Política e outras ciências
sociais. Além de estudar o trabalho, a democracia, a globalização, a solidariedade
e a subsidiariedade em relação aos ensinamentos sociais da Igreja, esta Academia dedica-se
ao estudo da dignidade da pessoa humana e dos direitos humanos, num encontro entre
a Doutrina da Igreja e a sociedade contemporânea. Na última sessão que decorreu
nos dias passados no Vaticano, estiveram presentes cerca de 30 académicos, que questionaram
se a bolha financeira não deveria “ser submetida aos tribunais internacionais, apesar
de ser tarde face às reais necessidades e consequências”. A Academia Pontifícia
avaliou positivamente o “papel central do G20”, uma vez que alargou a participação
das nações envolvidos nas decisões, mas referiu ser necessário “encontrar formas e
meios para garantir uma representação equitativa dos países menos desenvolvidos. “A
protecção dos mais débeis não pode ser deixada ao cuidado do movimento global, fortemente
idealizado e representativo apenas de uma parte”, sublinharam. O apelo à responsabilidade
ética dirigido à comunidade internacional engloba também a sociedade civil e as empresas,
“especialmente as multinacionais, a quem está a ser solicitadas, por normas internacionais,
por leis, ou campanhas públicas, que examinem o seu papel na garantia dos direitos
humanos”. O tema da crise financeira vai conduzir a próxima sessão da Academia
Pontifícia das Ciências Sociais. A presidente Mary Ann Glendon anunciou a participação
de alguns prémios Nobel.