Itaici, 30 abr (RV) – O bispo responsável pelo Setor de Mobilidade Humana da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo de Botucatu (SP), Dom
Maurício Grotto de Camargo, em coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira, 29,
na 47ª Assembleia dos Bispos, que se realiza em Itaici, município de Indaiatuba (SP),
chamou a atenção da imprensa para as questões migratórias no país.
Citado pelo
site da CNBB, o arcebispo citou as causas das migrações: "No Brasil, há cerca de 300
mil migrantes, aproximadamente. E essa mobilidade acontece por fatores diversos: violência,
pobreza, situação econômica, falta de oportunidade para pesquisa e desenvolvimento
profissional".
Citando números, Dom Maurício afirmou que as migrações e imigrações
do mundo já ultrapassam 200 milhões de pessoas. Uma população do tamanho do Brasil
de migrantes, itinerantes e refugiados. Desses, 80% corresponde a mulheres. Só no
Brasil, esse número corresponde a 50 mil pessoas, principalmente vindas da América
Latina. "O Brasil é atingido ativamente pelo tráfico de pessoas. Esse é o terceiro
maior negócio ilícito do mundo, atrás somente do tráfico de drogas e armas, chegando
a atingir crianças, jovens e idosos."
O tráfico de pessoas levadas para a prostituição
é outro dado apresentado pelo arcebispo que, segundo ele, é camuflado pela imprensa
no Brasil. Dom Maurício afirmou que é mais fácil a imprensa nacional mostrar as mazelas
do exterior do que as suas próprias.
Questionado sobre de que forma a crise
econômica contribui para o tráfico de pessoas, Dom Maurício disse que os desdobramentos
da crise em outras áreas influenciam no aumento desse negócio ilegal: "A pobreza influencia
a mobilidade humana e o tráfico de pessoas; isso porque as desespera e faz com que
se tornem presas fáceis de serem enganadas com propostas que nem precisam ser mirabolantes.
Basta oferecer um emprego e um bom salário que as pessoas já se deixam enganar".