LECTIO MAGISTRALIS DE PE. LOMBARDI: "A COMUNICAÇÃO VISTA DE ROMA"
Salamanca, 30 abr (RV) - O diretor-geral da Rádio Vaticano, Pe. Federico Lombardi,
recebeu nesta quarta-feira, na Universidade de Salamanca, Espanha, o título de "doutor
honoris causa", que lhe foi concedido pela Faculdade de Comunicação.
"A rede
e a comunicação vistas de Roma" foi o tema da "lectio magistralis" de Pe. Lombardi,
que é também diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé e do Centro Televisivo Vaticano.
Em
especial, Pe. Lombardi relatou sua experiência pessoal no campo da informação, primeiramente
como redator da revista jesuíta "Civiltà Cattolica", e a seguir, traçando seu percurso
como diretor da Sala de Imprensa, até chegar aos últimos meses, quando se viu respondendo
às polêmicas sobre declarações do papa.
"Não pretendo dizer que tudo o que
foi feito ou que é feito hoje, na comunicação vaticana, seja perfeito, mas creio que,
num mundo como o nosso, seja ilusório pensar que a comunicação possa ser sempre bem
controlada e realizar-se sempre como um processo regular e equilibrado" – afirmou
o jesuíta.
Pe. Lombardi ressaltou a dialética como característica da comunicação
vaticana. Ou seja, a Igreja comunica sua posição, os meios de comunicação de massa
fazem sua crítica e a Santa Sé rebate com uma resposta mais aprofundada. "Não se deve
pretender evitar o debate, mas sim procurar conduzi-lo, para alcançar resultados positivos,
a fim de esclarecer as posições da Igreja" – sublinhou.
"Deve-se saber que,
muitas das coisas que a Igreja diz – e que nós diremos, se lhe formos fiéis – vão
contracorrente, e devemos esperar que isso aconteça. Não tanto porque tais posições
da Igreja são atrasadas ou fora da história do nosso tempo, mas porque o Evangelho
de Jesus é, muitas vezes, contracorrente."
Para Pe. Lombardi, a comunicação
vaticana é, portanto, um desafio, primeiramente de purificação e de testemunho de
fé, um desafio que requer muita paciência e constância. "É um desafio crucial, em
que os erros e pontos fracos vêm à luz inexoravelmente, e as contradições entre o
que dizemos e o que fazemos são pagas a alto preço, como ensina a história trágica
dos abusos sexuais na Igreja e a suas conseqüências em vários países do mundo."
Por
fim, Pe. Lombardi recordou a dimensão "profética" da palavra da Igreja e do papa,
que "sempre continuarão a suscitar reações e oposições, mas que conseguirão ser ouvidas
quanto mais forem apoiadas pelo testemunho crível da Igreja".
"Comunicação
para a comunhão. Comunicar para unir: essa é a síntese mais rica da minha vocação
de comunicador, da nossa vocação de comunicadores" – conclui Pe. Lombardi. (BF)