BISPOS VENEZUELANOS ALERTAM PARA ARBITRARIEDADE DO GOVERNO CHÁVEZ
Caracas, 24 abr (RV) - Os bispos da Venezuela se manifestaram nesta quinta-feira,
expressando preocupação pelo "desconhecimento da vontade popular e crescente arbítrio
na administração da Justiça". O Episcopado pede o retorno do Estado de direito.
Reunidos
em sua 39ª Assembleia Plenária, os bispos denunciaram as medidas do Governo Hugo Chávez,
para "limitar a autonomia dos meios de comunicação". Essa situação, segundo eles,
"entorpece a existência da sociedade pluralista e gera dúvidas sobre a validez e a
eficácia do voto".
A oposição denuncia que o Governo aplica medidas para diminuir
as atribuições dos governos regionais e municipais que ganharam as eleições de novembro
passado. Os oposicionistas à frente dos estados e prefeituras somam 20% do total.
Na
semana passada, amparado por uma nova lei aprovada pela maioria do Parlamento − pró-governo
− Chávez designou Jaqueline Faria como a primeira "chefe de governo de Caracas".
Na
prática, ela exercerá muitas das competências correspondentes ao líder opositor Antonio
Ledezma, titular da Prefeitura. Os oposicionistas também denunciaram que o governo
"revolucionário" endureceu seu cerco à dissidência.
Os bispos venezuelanos
afirmaram que, no país, aumentam as críticas à crescente arbitrariedade na administração
da Justiça. "As pessoas não são tratadas segundo a sua condição de cidadãos, iguais
perante a lei, mas por sua adesão ideológica ou militância política" – sublinharam.
A Conferência Episcopal afirmou também, que o direito a uma informação confiável
"se erodiu" na Venezuela. A causa desse processo, segundo os bispos, é uma "progressiva
escalada de intervenções oficiais" que pretende "limitar a autonomia dos meios de
comunicação".
Os prelados alertaram para o perigo desse conjunto de situações.
"Elas propiciam a exclusão e reforçam a polarização e a divisão do país, além de produzir
uma crise no sistema democrático" − enfatizaram.
"A democracia supõe separação
de poderes, pluralidade de pensamento e igualdade de condições que vá além dos discursos"
− concluíram os bispos venezuelanos.
Desde que Chávez assumiu o poder, em
1999, a Igreja Católica tem alertado de maneira insistente, para as ameaças à democracia
venezuelana. Essa posição gerou duras críticas do presidente, que acusa os bispos
de atuarem como fator de oposição política. (TM)