Itaici, 24 abr (RV) - O Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu ao principal
acusado de mandar matar a missionária Ir. Dorothy Stang, Vitalmiro Bastos de Moura,
o "Bida", o direito de aguardar o novo julgamento em liberdade. O crime aconteceu
em fevereiro de 2005, na cidade de Anapu, sudoeste do estado do Pará. "Bida" estava
preso desde o dia 8, quando o mesmo STJ, revendo o caso, decidiu anular o primeiro
julgamento, pois considerou as provas inválidas.
O bispo prelado do Xingu,
Pará, Dom Erwin Kräutler, se disse incrédulo com a decisão do STJ. "Estou totalmente
incrédulo. Na verdade, eu não acredito mais na Justiça dos homens, só na Justiça de
Deus. E mais: tenho que andar com segurança armado durante 24h por dia, graças a essas
pessoas, pois o "Bida" é apenas um, mas existem vários outros que estão envolvidos
e que, infelizmente, estão em liberdade" − desabafou.
O bispo de Santarém,
Pará, Dom Esmeraldo Barreto de Farias, também lamentou a decisão do STJ: "É um fato
lamentável e fico triste com a decisão da Justiça, pois mostra, uma vez mais, que
no Brasil impera a impunidade. Em conseqüência, a Justiça acaba ficando desacreditada
e dá uma imagem negativa de si mesma, a todo o mundo."
Comentando o caso, o
bispo da Diocese de Goiás, Dom Eugéne Lambert Adrian Rixen, lamentou, dizendo que
"na mesma hora em que a Justiça manda prender, logo em seguida manda soltar".
Sabemos
que há duas "justiças" no Brasil – acrescentou – "uma para os ricos e outra para os
pobres". "Quem tem dinheiro ou influência na justiça não fica na cadeia" – arrematou
Dom Rixen. (CM)