SANTA SÉ: RACISMO CORRÓI TECIDO SOCIAL

Genebra, 23 abr (RV) - Prossegue em Genebra, na Suíça, a Conferência das Nações Unidas sobre Racismo.

Ontem, tomou a palavra o observador permanente na sede da ONU em Genebra, Dom Silvano M. Tomasi. Em seu pronunciamento, o arcebispo destacou que a Santa Sé compartilha a aspiração da comunidade internacional, de superar toda forma de racismo, discriminação racial e xenofobia, pois são "males que corroem o tecido social e produzem inúmeras vítimas".

O arcebispo recordou a participação da Santa Sé na Conferência de Durban, em 2001, e que, sem hesitação, deu seu apoio moral à Declaração e ao Programa estabelecido, plenamente consciente de que "combater o racismo é um pré-requisito necessário e indispensável para a construção de um desenvolvimento sustentável, da justiça social, da democracia e da paz no mundo".

O representante vaticano também pediu o pleno reconhecimento da liberdade religiosa, seja para os indivíduos, seja no exercício coletivo, como direito humano basilar. Falando do racismo, Dom Tomasi notou que a globalização do mundo de hoje, apesar de provocar a aproximação de povos e culturas, não é por si só um antídoto contra o racismo, que continua existindo nas sociedades contemporâneas. "O estrangeiro e quem é diferente é com frequência rejeitado, a ponto de se cometerem contra ele atos bárbaros, inclusive genocídio e limpeza étnica".

As antigas formas de exploração – analisou o arcebispo – deram lugar a novas, como mulheres e crianças vítimas do tráfico de seres humanos, imigrantes irregulares, pessoas vítimas da exclusão social e política ou vítimas de estereótipos.

A seguir, o arcebispo citou a eugenética como uma nova e perigosa forma de discriminação: "A Santa Sé está alarmada com a latente tentação eugenética, que pode ser gerada por técnicas de procriação artificial e pelo uso de embriões supérfluos. A possibilidade de escolher a cor dos olhos ou outras características físicas de uma criança poderia levar à criação de 'subcategorias humanas' ou à eliminação de seres humanos que não correspondem às características predeterminadas de uma sociedade". (BF)