CONFERÊNCIA SOBRE RACISMO APROVA DOCUMENTO. SATISFAÇÃO DA SANTA SÉ
Genebra, 22 abr (RV) - Três dias antes do final da Conferência da ONU sobre
o Racismo, em Genebra, cerca de 140 países aprovaram ontem, surpreendentemente e por
consenso, a declaração final. Trata-se do mesmo texto apoiado na última sexta-feira
por quase 190 países. A aprovação foi antecipada para evitar mudanças do texto após
as irritações causadas pelo discurso do presidente iraniano na conferência.
O
secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, comemorou a aprovação. Sua porta-voz, Marie
Okabe, disse em entrevista coletiva que o secretário-geral ficou entusiasmado com
a aprovação do documento final por todos os países-membros da ONU, com exceção dos
nove que decidiram não participar do encontro.
A rápida aprovação da declaração
foi atribuída ao medo de que a ausência de países de peso, como os Estados Unidos
e cinco países europeus, e a politização das discussões, provocassem novas deserções
e o consequente fracasso do fórum.
Para o Brasil e os países latino-americanos,
o acordo é uma primeira tentativa de dar mensagem contrária à proliferação de medidas
contra a imigração nos países ricos e um sentimento de maior tensão em relação aos
estrangeiros.
A declaração está sendo vista pelas ONGs, pela ONU e por governos
como a primeira tentativa de ‘curar as feridas’ na relação entre Ocidente e islâmicos
desde os atentados terroristas de 2001.
Para o Vaticano, “o documento final
da Conferência Internacional sobre o Racismo não é perfeito, mas respeita os fundamentos
do direito humanitário”.
Falando à RV, o observador permanente da Santa Sé
nas Nações Unidas, em Genebra, Dom Silvano Maria Tomasi, destacou que entre os delegados
reina grande satisfação por ver encerrado o capítulo relativo a este texto, o que
‘aliviou um pouco o clima da Conferência’:
“O documento - disse - abre também
o caminho para negociar no futuro, temas que estão sendo aceitos pela primeira vez,
universalmente. Se persistir a boa-vontade e não houver preconceitos de um país contra
outro nem discriminações entre grupos religiosos, as condições para combater toda
forma e manifestações de racismo podem melhorar".
O representante da Santa
Sé na Conferência declarou que a maior preocupação de todos era dar um sinal claro,
concentrando-se no conteúdo do documento e ignorando interpretações e eventos políticos.
“A mensagem que o documento quer passar é que as novas formas de racismo, xenofobia
e intolerância são inaceitáveis, e que a estrada a percorrer está na intenção da comunidade
internacional de criar novos mecanismos pra combatê-los." (CM)