2009-04-21 19:25:01

XARIÁ É CONTRA OS PRINCÍPIOS PAQUISTANESES, AFIRMA ARCEBISPO


Lahore, 21 abr (RV) – A aplicação da xariá (a lei islâmica) no vale do Swat é uma "total falta de consideração" para com as minorias e seus direitos, reconhecidos pelos fundadores da pátria, na Assembléia Constituinte de 1947. A afirmação é do arcebispo de Lahore, Dom Lawrence John Saldanha, presidente da Conferência Episcopal Paquistanesa. Ele expressou preocupação especial pela questão da Justiça.

O prelado enviou uma carta aberta ao presidente Asif Ali Zardari, ao primeiro-ministro, Raza Gilani, e ao ministro da Justiça, na qual salienta com "pesar", a falta de avaliação das "preocupações manifestadas pela sociedade civil, sobre a introdução da xariá no vale do Swat".

Segundo Dom Saldanha, a questão "coloca em risco o crescimento socioeconômico e cultural" da região. Além disso – afirma o arcebispo − a ação legitima as reivindicações dos talebãs, de destruir "as normas consagradas pela Constituição para proteger as mulheres e as minorias".

A carta também foi assinada por Peter Jacob, secretário-executivo da Comissão Nacional "Justiça e Paz". Os líderes católicos explicaram que o clima de "impunidade" que gira em torno da "máquina de morte e terror" dos talebãs perpetua crimes e violências "em detrimento da pequena comunidade hinduísta, sikh e cristã".

As minorias da província estão "sem trabalho" e são constrangidas a migrar, por imposição da "Jizya" (a taxa estabelecida pelos muçulmanos, para os fiéis cristãos e judeus). Os extremistas islâmicos mutilaram as "estátuas de Buda" e destruíram a paróquia de Santa Maria, o convento e a capela em Sagota, no vale do Swat.

Também a escola "Don Bosco", em Bannu, está na mira dos fundamentalistas. Dom Saldanha disse que muitas das escolas católicas têm sofrido ameaças.

O prelado se preocupa de modo especial com a criação de um "sistema Judiciário paralelo", baseado na lei islâmica. "Essa decisão – esclarece o arcebispo – deve ser submetida à votação dos juízes e do povo.

Em sua carta, Dom Saldanha faz aberta referência ao discurso inaugural, de 1947, do padre fundador da pátria à Assembléia Constituinte: Quaid-e-Azam Mohammad Ali Jinnah recordou, naquela ocasião, que a religião é um fato pessoal e não tem nada a ver com questões de Estado.

Numa segunda carta, endereçada ao movimento "Muttahida Quami", Dom Saldanha e Peter Jacob manifestaram seu "reconhecimento" pelo único partido da Câmara que "foi contra a introdução da xariá no vale do Swat". Segundo eles, essa contribuição buscou evitar que a nação fosse lançada na escuridão e, por isso. "será sempre recordada". (TM)







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