Papa exalta a figura de Santo Anselmo, nos 900 anos do seu nascimento, celebrados
neste dia 21 de Abril, em Aosta, sua terra natal
Com uma semana de celebrações e iniciativas culturais, a diocese de Aosta (norte da
Itália) recorda, no âmbito de um especial Ano Anselmiano, o IX centenário da morte
de Santo Anselmo, que foi monge beneditino no mosteiro de Bec, em França, e depois
arcebispo de Cantuária, na Inglaterra. Nesta terça feira, dia 21, às 18 horas, na
catedral de Aosta, terra natal do Santo, o cardeal Giacomo Biffi, arcebispo emérito
de Bolonha, presidiu, como enviado do Santo Padre, a uma solene eucaristia comemorativa
destes novecentos anos. Nesta ocasião, Bento XVI enviou ao cardeal Biffi uma
Carta em que convida a fazer resplandecer “o tesouro de sapiência” de Santo Anselmo
“para que os homens, sobretudo os europeus”, possam aproximar-se deste grande bispo
e doutor da Igreja. Embora arcebispo – recorda o Papa – Santo Anselmo quis ser antes
de mais um monge beneditino, consciente da importância da vida monástica. Na Epistula
de Incarnatione Verbi, ele define-se a si mesmo simplesmente como frei Anselmo. Escrevendo
a um jovem monge – sublinha Bento XVI – Santo Anselmo recorda que antes de mais se
deve amar o propósito, o desejo de ser monge. A importância que Santo Anselmo dá à
Lectio Divina, eixo central da vida beneditina, é evidente no seu livro “Prologus
orationum sive meditationum”, que escreveu para estimular os leitroes “ao amor e ao
temor de Deus”. Retomando as palavras de Santo Anselmo, o Papa recorda que a Palavra
de Deus “não se deve ler no meio do ruído e confusão, mas num ambiente tranquilo,
nem a correr, velozmente, mas sim pouco a pouco e com intensa meditação”. Nos seus
escritos – afirma o Papa – “não há qualquer separação entre erudição e devoção, entre
teologia e mística, quando procura compreender os mistérios da fé”. A sua obra mais
conhecida – intitulada “Proslogion” – é, como as “Confissões” de Santo Agostinho,
ao mesmo tempo oração e desejo de contemplar o rosto de Deus. Referindo-se a
uma outra obra – “Cur Deus homo”, o Santo Padre recorda que segundo Santo Anselmo,
a razão chega a contemplar a beleza da verdade na busca mais alta da fé: “Se não crerdes,
não compreendereis”. Quanto mais se recorre ao intelecto – escreve o Santo – tanto
mais uma pessoa se aproxima de tudo aquilo a que os homens aspiram. Tendo presente
o magistério deste doutor da Igreja – lê-se ainda na Carta do Santo Padre – o Colégio
de Santo Anselmo, fundado pelo Papa Leão XIII para formar os jovens de todo o mundo,
conserva e promove estes ensinamentos imprescindíveis para a vida monástica. Este
Colégio – escreve finalmente Bento XVI – tornou-se num instituto académico internacional
que oferece uma formação filosófica, teológica e litúrgica, conjugando, como fez Santo
Anselmo, a fé com o conhecimento da fé, graças ao intelecto.