CARTA DO PAPA AO ABADE PRIMAZ DOS BENEDITINOS, NA CONCLUSÃO DO ANO DEDICADO A SANTO
ANSELMO
Cidade do Vaticano, 21 abr (RV) - A Diocese de Aosta, norte da Itália, está
recordando, com uma semana de celebrações e iniciativas culturais, no âmbito do especial
Ano dedicado a Santo Anselmo, o nono centenário de morte do santo – nascido em 1033,
em Aosta – monge beneditino de Bec, na França, e depois arcebispo de Cantuária, na
Inglaterra.
A solene concelebração eucarística por ocasião da festa do santo,
hoje celebrada, é presidida, esta tarde, pelo enviado especial do Santo Padre, o arcebispo
emérito de Bolonha, Cardeal Giacomo Biffi.
Para a ocasião, Bento XVI enviou
uma carta ao abade primaz dos Beneditinos Confederados, Don Notker Wolf. Na carta,
o papa convida a fazer resplandecer "o tesouro de sabedoria" de Santo Anselmo "a fim
de que os homens, sobretudo os europeus", possam aproximar-se do grande bispo e doutor
da Igreja.
Embora arcebispo, Santo Anselmo quis ser, em primeiro lugar, monge
beneditino, consciente da importância da vida monástica – recorda o pontífice. Na
Epistulam de Incarnatione Verbi define a si mesmo simplesmente como Frei Anselmo
– pecador no que se refere à vida, e monge no hábito.
Escrevendo a um jovem
monge, Santo Anselmo recorda que, em primeiro lugar, se deve amar o propósito, o desejo
de ser monge – recorda o papa. A importância dada por Santo Anselmo à Lectio Divina,
cerne da vida beneditina, é evidente em seu livro "Prologus orationum sive meditationum",
escrito pelo Santo com o objetivo de impelir os leitores "ao amor ou ao temor de Deus".
Retomando
as palavras de Santo Anselmo, o papa recorda que a Palavra de Deus "não deve ser lida
em meio ao barulho, mas no silêncio; e nem às pressas, mas pouco a pouco e com intensa
meditação".
Em seus escritos – afirma Bento XVI – não há nenhuma separação
entre erudição e devoção, entre teologia e mística, quando busca compreender os mistérios
da fé.
Sua obra mais conhecida, intitulada Proslogion, é – como as Confissões
de Santo Agostinho – ao mesmo tempo, oração e desejo de contemplar o rosto de Deus.
Referindo-se a outra obra, "Cur Deus homo", o pontífice recorda que segundo Santo
Anselmo a razão chega a contemplar a beleza da verdade na busca mais alta da fé: "Se
não acreditas, não compreendes"; quanto mais se recorre ao intelecto – escreve Santo
Anselmo – mais se aproxima daquilo que todos os homens anseiam.
Considerando
o magistério desse doutor da Igreja – lê-se na carta de Bento XVI – o Colégio Santo
Anselmo, fundado pelo Papa Leão XIII para formar os jovens do mundo inteiro, conserva
e promove aqueles ensinamentos imprescindíveis para a vida monástica.
Esse
Colégio – escreve por fim o pontífice – tornou-se um instituto acadêmico internacional
que oferece uma formação filosófica, teológica e litúrgica conjugando, como fez Santo
Anselmo, a fé com o conhecimento da fé, graças ao intelecto. (RL)