2009-04-20 13:04:17

Duas declarações da Sala de Imprensa da Santa Sé a propósito da participação na Conferência que decorre em Genebra e a intervenção do presidente iraniano


Perante algumas reacções suscitadas pela participação da delegação da Santa Sé na Conferência Durban 2 em curso nestes dias, em Genebra, e a propósito das palavras do Santo Padre domingo passado, ao meio dia, em Castelgadolfo, por ocasião da oração mariana, já ontem, segunda-feira, o Padre Frederico Lombardi, fizera a seguinte comunicação (citamos):
“Esta Conferência é em si uma importante ocasião para promover a luta contra o racismo e a intolerância.
É com estas intenções que a Santa Sé nela participa, desejando apoiar o esforço das instituições internacionais para que se avance nesta direcção.
Nela participam a grande maioria dos países do mundo, e o esboço de resolução concordado sexta-feira passada é em si aceitável, tendo sido eliminados os principais elementos que tinham suscitado objecções.
Naturalmente que intervenções como o do presidente iraniano não vão na direcção justa , pois, embora não tenha negado o Holocausto ou o direito à existência de Israel, pronunciou expressões extremistas e inaceitáveis.
É por isso importante continuar a afirmar com clareza o respeito pela dignidade de cada pessoa humana contra todas as formas de racismo e intolerância.
É este sem dúvida o sentido do empenho da delegação da Santa Sé na continuação dos trabalhos”.

Para além desta primeira declaração do director da Sala de Imprensa do Vaticano, que contemplava já o discurso ontem proferido pelo presidente iraniano na “Conferência de exame da Declaração de Durban de 2001 contra o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e a relativa intolerância”, a mesma Sala de Imprensa quis hoje recordar as palavras pronunciadas pelo Santo Padre Bento XVI domingo passado:
“Formulo os meus sinceros votos para que os delegados presentes na Conferência de Genebra colaborem, em espírito de diálogo e de acolhimento recíproco, para pôr termo a qualquer forma de racismo, de discriminação e intolerância, assinalando assim um passo fundamental em direcção à afirmação do valor universal da dignidade do homem e dos seus direitos, num horizonte de respeito e de justiça por cada pessoa e povo”.
Por consequência – prossegue a Nota da Sala de Imprensa – “a Santa Sé deplora a utilização deste forum da ONU para assumir posições políticas, extremistas e ofensivas, contra qualquer Estado que seja. Isso não contribui para o diálogo e provoca uma conflitualidade inaceitável. Trata-se, pelo contrário, de valorizar esta importante ocasião para dialogar conjuntamente, segundo a linha de acção que a Santa Sé desde sempre adoptou, em vista de uma luta eficaz contra o racismo e a intolerância que ainda hoje afectam crianças, mulheres, afro-descendentes, migrantes, populações indígenas, etc, em todas as partes do mundo. Ao mesmo tempo que renova o apelo do Papa, a Santa Sé assegura que é com este espírito que a sua Delegação está presente e actua na Conferência.”


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A Santa Sé participa da Conferência "Durban 2" com uma delegação presidida pelo observador permanente nas Nações Unidas em Genebra, D. Silvano Maria Tomasi, e composta por um membro do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz e um membro do Pontifício Conselho para os Migrantes e os Itinerantes. Segundo explicou o director da Sala de Imprensa da Santa Sé e nosso director, Padre Frederico Lombardi, "a participação da Santa Sé na Conferência é motivada pelai importância que a Igreja atribui aos temas da discriminação racial e da intolerância. Questões relevantes do ponto de vista ético porque revestem um papel central para o respeito da pessoa humana".
Por sua vez, Dom Silvano Maria Tomasi observou que a Santa Sé tem razões muito coerentes para participar desta conferência, em Genebra. Afirmou nomeadamente o prelado: "Já havíamos participado da conferência de Durban em 2001, e agora esta segunda Conferência, em Genebra, é importante porque o racismo, presente em muitas formas em muitos países, representa uma questão de carácter ético à qual não nos podemos subtrair: cada pessoa tem a mesma dignidade e não pode ser objecto de comportamentos discriminatórios".
''Se não participássemos, que mensagem daríamos, por exemplo, aos países africanos? Se deixarmos que a mensagem da indiferença prevaleça sobre as razões políticas, acabaremos por impulsionar esses países numa direcção que comportaria consequências negativas. Basta pensar no fenómeno da imigração maciça em direcção à Europa. Que mensagem de convivência damos a essas pessoas?" – interrogou-se Dom Silvano Tomasi. "Ver-se-á se a declaração final será aceitável ou não (concluiu o arcebispo), em todo o caso devemos estar presentes para tentar mudar algumas posições." Há que reforçar as estruturas internacionais e dar a todos a possibilidade de contribuir para fazer avançar uma cultura mais solidária.

Domingo, ao meio-dia, em Castel Gandolfo, Bento XVI referiu com ênfase esta Conferência, organizada pelas Nações Unidas, em Genebra, a partir desta segunda-feira, para examinar a “Declaração de Durban, de 2001, contra o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e a relativa intolerância”. “Trata-se - disse - de uma iniciativa importante porque ainda hoje, não obstante os ensinamentos da história, se registam fenómenos deploráveis”. “A Declaração de Durban (explicou) reconhece que ‘todos os povos e pessoas formam uma família humana, rica em diversidade. Esses contribuíram para o progresso da civilização e das culturas que constituem o património comum da humanidade… A promoção da tolerância, do pluralismo e do respeito pode conduzir a uma sociedade mais inclusiva”,
“A partir destas afirmações requer-se uma acção firme e concreta, a nível nacional e internacional, para prevenir e eliminar toda e qualquer forma de discriminação e intolerância” – declarou o Papa. “Ocorre, sobretudo, uma vasta obra de educação, que exalte a dignidade da pessoa, tutelando os seus direitos fundamentais. A Igreja, pela sua parte, reafirma que só o reconhecimento da dignidade do homem, criado à imagem e semelhança de Deus, pode constituir uma referência segura para tal empenho. É, de facto, desta origem comum que brota um destino comum da humanidade, que deveria suscitar em cada um e em todos, um forte sentido de solidariedade e de responsabilidade”.
Bento XVI concluindo fazendo votos de que os delegados presentes em Genebra, a partir desta segunda-feira, “colaborem em espírito de diálogo e de acolhimento recíproco, para pôr termo a qualquer forma de racismo, discriminação e intolerância, assinalando assim um passo fundamental em direcção à afirmação do valor universal da dignidade do homem e dos seus direitos, num horizonte de respeito e de justiça para cada pessoa e povo”.








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