2009-04-17 17:34:06

SIMPÓSIO NA ONU RECORDA VISITA DE BENTO XVI À SEDE DO ORGANISMO INTERNACIONAL


Nova York, 17 abr (RV) - A Missão do observador permanente da Santa Sé junto à ONU promoveu ontem, dia 16, um simpósio, para comemorar o primeiro aniversário do discurso que Bento XVI proferiu perante a Assembléia Geral das Nações Unidas, em 18 de abril do ano passado, durante sua viagem apostólica aos EUA.

O encontro na sede do organismo internacional contou com a participação de membros da diplomacia, do mundo acadêmico e eclesial. A ex-embaixadora dos EUA junto à Santa Sé, Mary Ann Glendon, fez o discurso principal, seguido dos pronunciamentos de outras personalidades.

Aproveitamos a ocasião para recordar algumas passagens salientes do discurso do Santo Padre.

Diante da platéia formada por delegados da ONU, Bento XVI desenvolveu sua reflexão em torno de um princípio: o respeito pela inalienável dignidade de toda pessoa humana, o "ponto mais alto do desígnio criador de Deus para o mundo e para a história".

O papa destacou que esse foi um dos princípios fundadores da ONU, junto com "o desejo de paz e a busca de justiça", além da "cooperação humanitária e a assistência".

O Santo Padre disse, explicitamente, que sua presença na sede da ONU era "um sinal de estima" pela organização fundada em 1945, e reconheceu – numa passagem de seu discurso – que o "mérito da Declaração Universal é ter permitido a diferentes culturas, expressões jurídicas e modelos institucionais convergirem em torno de um núcleo fundamental de valores e de direitos".

O pontífice observou que, todavia, o mundo mudou muito nestes 60 anos, acrescentando que num mundo em que "experimentamos o óbvio paradoxo de um consenso multilateral que continua em crise por causa da sua subordinação às decisões de poucos", enquanto os problemas do mundo exigem a "ação coletiva por parte da comunidade internacional", é necessário "redobrar os esforços diante das pressões, para reinterpretar os fundamentos da Declaração", sem "comprometer a sua íntima unidade", facilitando um distanciamento da proteção da dignidade humana, para satisfazer simples interesses, muitas vezes particulares:

"Todo Estado tem o dever primário de proteger sua população das violações graves e contínuas dos direitos humanos, bem como das conseqüências das crises humanitárias, provocadas tanto pela natureza quanto pelo homem. Se os Estados não são capazes de garantir tal proteção, a comunidade internacional deve intervir com os meios jurídicos previstos pela Carta das Nações Unidas e com outros instrumentos internacionais."

O papa denunciou o fato de os direitos oriundos da lei natural sofrerem uma redução diante de uma concepção relativista dos mesmos, na qual tais direitos são interpretados por determinada política ou determinado contexto cultural e social, com seus utilitarismos distantes da idéia do bem comum.

"A vida da comunidade, tanto interna quanto internacional − defendeu o pontífice − mostra claramente que o respeito pelos direitos e garantias são medidas do bem comum que servem para avaliar a relação entre justiça e injustiça, desenvolvimento e pobreza, segurança e conflito. A promoção dos direitos humanos continua sendo a estratégia mais eficaz para eliminar as desigualdades entre países e grupos sociais, bem como para aumentar a segurança."

O Santo Padre afirmou que, por isso, os direitos devem ter uma alma, ressaltando que se estes são propostos "simplesmente em termos de legalidade, correm o risco de se tornar frágeis". E também os "novos direitos" que se apresentam no hoje da história precisam ter uma espinha dorsal da "solidariedade".

Bento XVI observou que isso se torna mais fácil quando a transcendência se torna um valor objetivo da vida, não somente um valor subjetivo.

A "dimensão religiosa" – disse – favorece a existência de maior sensibilidade aos valores da justiça e da paz, e isso deve levar a ONU a uma renovada defesa do direito de liberdade religiosa:

"Por isso − concluiu − é inconcebível que fiéis tenham que suprimir uma parte de si mesmos – sua fé – para serem cidadãos ativos; jamais deveria ser necessário renegar Deus para poder gozar dos próprios direitos (...) Não se pode limitar a plena garantia da liberdade religiosa ao livre exercício do culto; pelo contrário, a dimensão pública da religião deve ser levada em justa consideração e, portanto, a possibilidade dos fiéis de fazerem a própria parte na construção da ordem social." (RL)







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