BENTO XVI NA AUDIÊNCIA GERAL: A RESSURREIÇÃO DE CRISTO É A NOSSA ESPERANÇA
Cidade do Vaticano, 15 abr (RV) - O Santo Padre deixou, esta manhã, a residência
pontifícia de verão de Castel Gandolfo – onde se encontra desde domingo passado –
para vir ao Vaticano para o habitual encontro com os fiéis, peregrinos e turistas
provenientes de todas as partes do mundo, realizado, hoje, na Praça São Pedro.
Bento
XVI dedicou a primeira audiência geral após a Páscoa ao que definiu como sendo "o
coração da mensagem evangélica" e que mantém a Igreja "em festa" até o Pentecostes.
A
ressurreição de Jesus não é um "mito" que "antigas teorias" buscam negar, mas um "fato
histórico" que revolucionou a vida de gerações inteiras – ressaltou o pontífice diante
de cerca de 40 mil presentes na Praça São Pedro.
Com a Ressurreição de Cristo,
a Palavra de Deus se fez história dos homens, aliás, fez mais que isso, se fez "carne".
Bento XVI explicou que os cinqüenta dias da Páscoa até o Pentecostes são o único "Aleluia"
que a Igreja canta há mais de dois mil anos anunciando em todos os tempos essa "novidade
fortemente impressionante".
Bento XVI insistiu muito sobre o "mistério da Páscoa"
que "envolve todo o arco da nossa existência" e que traz consigo o imperativo de ser
proclamado:
"Portanto, é fundamental para a nossa fé e para o nosso testemunho
cristão, proclamar a ressurreição de Jesus de Nazaré como evento real, histórico,
atestado por muitas e autorizadas testemunhas. E o afirmamos com força porque, também
em nossos tempos, não falta quem busca negar a sua historicidade reduzindo a narração
evangélica a um mito, a uma 'visão' dos Apóstolos, retomando e apresentando teorias
antigas e já conhecidas como novas e científicas."
O papa explicou também
a "natureza" do mistério pascal.
"A Ressurreição não foi para Jesus um simples
retorno à vida precedente. De fato, nesse caso não foi uma coisa do passado: dois
mil anos atrás alguém ressurgiu, retornou à sua vida precedente, como se deu com Lázaro.
A ressurreição se coloca em outra dimensão: é a passagem a uma dimensão de vida profundamente
nova, que diz respeito também a nós, que envolve toda a família humana, a história
e o universo."
"É um anúncio que gerações inteiras de homens e mulheres
ao longo dos séculos acolheram com fé e testemunharam, não raramente a preço de seu
sangue, com o martírio." E referindo-se à célebre passagem de São Paulo em sua Carta
aos Coríntios, o pontífice repetiu que todo aspecto espiritual e histórico da Ressurreição
é fruto de uma "fiel" transmissão daquilo que se deu no dia em que o sepulcro foi
encontrado vazio.
A Ressurreição, escreve Paulo, se dá "segundo as Escrituras",
e isso, mais uma vez "nos faz compreender que a morte do Filho de Deus pertence
ao tecido da história da salvação, e, aliás, nos faz entender que tal história recebe
dela a sua lógica e o seu verdadeiro significado (...) a morte de Cristo testemunha
que a Palavra de Deus se fez 'carne' profundamente, se fez história humana".
O
pontífice concluiu a catequese convidando os cristãos a se deixarem iluminar pela
luz de Cristo ressuscitado e a serem os anunciadores no terceiro milênio, como os
Apóstolos na primeira hora da Igreja:
"Não podemos guardar para nós o anúncio
dessa Verdade que muda a vida de todos. E com humilde confiança: 'Jesus, que ressurgindo
dos mortos antecipou a nossa ressurreição, nós cremos em Ti'."
Nas saudações,
em várias línguas, aos diversos grupos de fiéis, peregrinos e turistas presentes,
Bento XVI saudou um grupo de diáconos da Companhia de Jesus, e os reitores e educadores
dos Pontifícios Seminários Regionais da Itália.
Por fim, o papa foi calorosamente
aplaudido pelos presentes ao ser recordado que amanhã, dia 16, festejará o seu 82º
aniversário natalício, e no próximo domingo, dia 19, o 4º aniversário de sua eleição
pontifícia.
Ouçamos a saudação do Santo Padre aos presentes de língua portuguesa:
"Amados peregrinos
de língua portuguesa, alegrai-vos e exultai comigo, porque o Senhor Jesus ressuscitou.
A ressurreição de Cristo é a nossa esperança! Este pregão pascal ressoa por toda a
terra: ressoa no coração dos brasileiros e dos portugueses de Lamego e da diocese
de Coimbra! Com alegria, saúdo a comunidade do seu Seminário Maior que, há 250 anos,
facilita esta passagem do testemunho da ressurreição, com a formação de novos arautos
e servidores. Sobre todos, desça a minha Bênção. Ad multos annos!"
Bento
XVI concluiu a audiência geral concedendo a todos a sua Bênção apostólica. (RL)