Sexta-feira Santa está presente na vida de milhares de fiéis :oscristãos continuam
a morrer por causa da fé
(10/4/2009) É em cenários bem diferentes do nosso que milhões de cristãos celebram
a Sexta-feira Santa, que acaba por ser uma imagem da sua própria vida, ao longo de
todo o ano. Rezar em público, ter uma Bíblia ou celebrar a Missa são, ainda hoje,
gestos considerados “criminosos” que podem trazer graves consequências em quase 60
países de todo o mundo, levando mesmo à morte. A agência Fides revela que desde
1980 morreram 912 missionários, com destaque para as vítimas provocadas pelo genocídio
do Ruanda, em 1994. Desde 2001 houve já 193 mortes registadas pela agência do Vaticano
para o mundo missionário. Por outro lado, segundo a Fundação católica Ajuda à
Igreja que Sofre (AIS), a perseguição religiosa está a aumentar em todo o mundo. Entre
as principais preocupações apresentadas, está a da Índia, que piorou nos últimos anos,
apesar de a Constituição reconhecer a liberdade religiosa. No final de Março,
Gunjan Digal, jovem cristão de 23 anos, foi morto no estado indiano de Orissa, ao
ser atropelado por um tractor. Desde Agosto do ano passado, centenas de cristãos morreram
e milhares viram-se obrigados a fugir das suas casas, por causa da perseguição dos
fundamentalistas hindus. Outra situação dramática tem lugar no Iraque, onde cinco
cristãos foram assassinados nas últimas duas semanas. O Arcebispo caldeu de Kirkuk,
D. Louis Sako, alertou para o risco de desaparecimento dos cristãos no Iraque: nos
últimos cinco anos morreram 750 cristãos e outros 200 mil fugiram do país. A Igreja
em todo o mundo segue com preocupação a situação no Médio Oriente, marcada por graves
problemas. O Bispo auxiliar de Bagdad, D. Shlemon Warduni, denunciou o que classificou
como um plano de eliminação dos cristãos no Médio Oriente, pedindo a ajuda dos católicos
de todo o mundo. “A situação actual faz crer na existência de um amplo projecto
para esvaziar de cristãos o Médio Oriente”, atirou. Recentemente, foi raptado
na China o Bispo Jia Zhiguo, um símbolo da resistência da chamada Igreja clandestina,
fiel ao Vaticano e não reconhecida pelo regime de Pequim. D. Jia, de 74 anos, é um
símbolo dos cristãos perseguidos na China e já passou mais de 20 anos na prisão. A
«obediência espiritual» de um cidadão chinês a um Estado estrangeiro (a Santa Sé)
é considerada como uma traição à pátria e castigada com penas muito severas. Também
em África os cristãos sofrem: quatro anos depois dos acordos de paz, numerosos refugiados
sudaneses continuam a não poder voltar para os seus lares, por força da acção de um
governo que promove o crescimento do Islão e a promoção de uma única identidade religiosa
e cultural para todo o Sudão.