TERREMOTO: O AMPARO DO CLERO LOCAL. SUSPENSAS CELEBRAÇÕES DA SEMANA SANTA
L’Aquila, 08 abr (RV) - Pe. Massimiliano De Simone, capelão do cárcere de L’Aquila
e pároco de Civitatomassa, a dez km da cidade, perdeu a casa e a igreja, mas não a
vontade de estar ao lado de seus fiéis e de quem está sofrendo. Pe. Massimiliano é
também voluntário da Cruz Verde e passou o dia de ontem no volante de uma ambulância,
transportando feridos e vítimas, procurando remédios e participando da evacuação do
Hospital.
O sacerdote tem 40 anos, é pároco há 8 e capelão há cinco. Em sua
casa, no centro de Civitatomassa, viviam cerca de 400 pessoas. Cerca de 1.300 paroquianos
frequentavam as duas igrejas de São João Batista, uma pequena, pouco distante, e outra
bem maior, às margens do centro. O terremoto destruiu tudo. Agora, passa as noites
nas barracas montadas por ele mesmo no terreno da paróquia, onde muitos também estacionaram
seus carros.
Também o arcebispo de L’Aquila, Dom Giuseppe Molinari, divide
momentos de desespero com os desabrigados, dormindo nas tendas da Defesa Civil. “Abençoei
as vítimas e encontrei os parentes. Para mim, é uma grande dor, pois conhecia quase
todos os mortos. Estou rezando muito e oferecerei toda a solidariedade possível, porque
neste momento, me sinto limitado e pobre como todos” – declarou.
Ontem de
manhã, Dom Giuseppe encomendou os corpos na escola da Polícia, onde foi montado um
necrotério provisório, e onde religiosos e sacerdotes oferecem amparo, esperança e
encorajamento às famílias. “É importante continuar a crer e esperar, sobretudo nestes
momentos em que a fé parece mais difícil. É importante não perder a confiança no Senhor”
– declarou.
O arcebispo anunciou que em L’Aquila e nas cidades destruídas,
todas as celebrações da Semana Santa serão suspensas, exceto os funerais e as missas
de Páscoa ao ar livre, nos campos. “Do papa, da CEI, do núncio, do Cardeal Bertone,
de todos os bispos, da Caritas, de institutos religiosos – revelou – recebemos expressões
de solidariedade. Todos telefonam e se colocam à disposição”.
A Igreja perdeu
vários edifícios e templos, mas estará presente na Semana Santa; os 80 mil fiéis da
arquidiocese poderão participar de momentos de oração ao lado dos desabrigados nos
acampamentos da Defesa Civil.
A comunidade religiosa católica sofreu também
perdas humanas: duas religiosas morreram e outra está ainda desaparecida, em São Gregório.
Alguns conventos foram evacuados e as Clarissas de Paganica foram transferidas para
outro edifício. (CM)