Cidade do Vaticano, 07 abr (RV) – A Santa Sé tem procurado reavivar o seu papel
na cultura contemporânea. Exemplo disso será a sua participação, com um pavilhão,
na Bienal de Veneza, em 2011, considerado o festival de arte contemporânea mais importante,
cujo objetivo é manter diálogo com os artistas contemporâneos.
O Presidente
do Pontifício Conselho para a Cultura, Dom Gianfranco Ravasi, afirmou que o motivo
da presença da Santa Sé na Bienal é restabelecer os laços com o mundo da arte contemporânea,
beneficiando tanto a arte como a fé. “Os grandes símbolos religiosos, as grandes histórias
e as grandes figuras da espiritualidade podem estimular uma arte que, com freqüência
e cada vez mais, sente falta de mensagem própria”.
Dom Ravasi espera também
inspirar arte apropriada nas igrejas construídas nas últimas décadas por arquitetos
conceituados. “Até agora a arquitetura moderna tem tido resultados positivos no diálogo
com a liturgia.” Mas, acrescentou, “dentro das igrejas não há diálogo com artistas
contemporâneos. Só existe arte popular.”
Dom Gianfranco Ravasi referiu que
se corre o risco da participação do Vaticano na cena artística contemporânea como
um contraponto sacro às obras profanas. Para evitar esse perigo, ele espera que o
pavilhão da Santa Sé fique distante do principal espaço de exposição. “Não quero que
seja uma provocação... um espetáculo”, acrescentou.
O Presidente do Pontifício
Conselho para a Cultura pretende formar uma comissão de alto nível para identificar
artistas de todo o mundo, que possam participar na exposição da Santa Sé.
Para
Dom Ravasi, há grande interesse por parte da Igreja nesta Bienal de Veneza, porque
seria como que o regresso à grande tradição, quando os papas do Barroco e do Renascimento
dialogavam com os artistas.
Em mensagem dirigida, ano passado, às Pontifícias
Academias, Bento XVI lembrou a necessidade urgente de um diálogo renovado entre estética
e ética, entre beleza, verdade e bem, não apenas no debate artístico e cultural, mas
também na realidade do dia-a-dia.
O presidente da Bienal de Veneza, Paolo
Baratta, elogiou a participação do Vaticano, dizendo que “a idéia de Ravasi é um gesto
corajoso e de grande interesse em âmbito internacional. A questão do divino na arte
tem sido sempre um tema forte, confrontado nos últimos anos com certa timidez”
A
edição de 2009 da 53.ª Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza, que se
realizará de 7 de junho a 22 de novembro, terá como tema: «Construir Mundos». (MT)