Minas em Moçambique, uma situação ainda preocupante
(4/4/2009) A guerra civil moçambicana terminou há mais de 17 anos, mas as minas continuam
a provocar vítimas e mataram quatro pessoas em 2008, num país em que cerca de 10 milhões
de metros quadrados estão minados. Para assinalar o Dia Internacional de Luta
contra as Minas, neste sábado, o Instituto Nacional de Desminagem de Moçambique (IND)
alerta para "uma situação ainda preocupante", devido às minas. "Enquanto as minas
constituírem perigo para a vida de um só moçambicano e impedirem as actividades económicas,
então a situação é preocupante", disse à Lusa a chefe do Departamento de Relações
Internacionais do IND, Mila Massango. Segundo Mila Massango, apesar de muito trabalho
de limpeza de minas ter sido desenvolvido desde o Acordo Geral de Paz, que terminou
a guerra civil de 16 anos em Moçambique, um apuramento feito em 2008 revelou que uma
área equivalente a cerca de 10 milhões de metros quadrados está minada no país. "A
província de Manica, na área da fronteira com o Zimbabué, é a mais minada de Moçambique,
com cerca de dois milhões de metros quadrados afectados", afirmou. As linhas da
fronteira com o Malaui e Zâmbia, no centro de Moçambique, e com a África do Sul, no
sul, bem como as áreas próximas das principais linhas férreas, barragens e linhas
de transmissão de energia são algumas das mais perigosas. A gravidade da situação
das minas obrigou o Governo a pedir em Novembro do ano passado a prorrogação por mais
quatro anos do compromisso de limpar todo o país até finais de 2009, no âmbito da
Convenção das Nações Unidas sobre o Banimento das Minas Anti-Pessoal, referiu a chefe
do Departamento de Relações Internacionais do IND. "Tínhamos até 2009, para declarar
o país livre de minas, mas pedimos a prorrogação até 2014. Pensamos que essa moratória
dá-nos tempo de resolver o problema", acrescentou a chefe do Departamento de Relações
Internacionais do IND. Apesar de a situação continuar séria, Mila Massango lembra
que o país já registou uma média anual de 30 pessoas mortas por minas, contra quatro
óbitos verificados no ano passado. As minas antipessoais começaram a ser colocadas
em Moçambique durante a guerra pela independência, de 1964 a 1974, especialmente no
norte e centro do país, e foram espalhadas por todo o território durante a guerra
civil, de 1977 a 1992. O programa de desminagem começou em 1992, sob a direcção
da ONUMOZ, Operação das Nações Unidas para Moçambique, no país durante dois anos após
os acordos de paz entre a FRELIMO e a RENAMO.