Os desafios levantados pelo fenómeno da pobreza na mensagem aos budistas por ocasião
da "Festa do Vesakh"
(3/4/2009) O presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso (CPDIR),
Cardeal Jean-Louis Tauran, enviou uma mensagem aos budistas por ocasião da "Festa
do Vesakh", a sua celebração mais importante, em que são celebrados os principais
acontecimentos da vida de Buda. O documento, divulgado pelo Vaticano esta Sexta-feira,
destaca a importância de “reforçar os laços de amizade já existentes” e de criar outros,
para promover “o bem-estar das nossas comunidades e da comunidade humana do mundo”.
O Cardeal francês lembra em particular os desafios lançados pelo “extenso fenómeno
da pobreza”, da perseguição desenfreada de “posses materiais” e do “consumismo”. No
documento é lembrado que a pobreza significa, num sentido espiritual, o desprendimento
que “nos permite usar os bens deste mundo como se não tivéssemos nada e, ainda assim,
possuíssemos todas as coisas”. “Nós entendemos esta pobreza primariamente como
um esvaziamento do próprio eu, mas vemo-la também como uma aceitação de nós próprios
pelo que somos, com os nossos talentos e os nossos limites. Tal pobreza suscita em
nós uma vontade disposta a escutar Deus e os nossos irmãos e irmãs, a abrirmo-nos
a eles e a respeitá-los como indivíduos”, prossegue o Cardeal Tauran. Por outro
lado, há uma pobreza que tem de ser combatida, como referia Bento XVI na sua mensagem
para o Dia Mundial da Paz de 2009, uma pobreza que impede as pessoas e as famílias
de viverem segundo a própria dignidade, “uma pobreza que ofende a justiça e a igualdade
e que, como tal, ameaça a convivência pacífica". Além disso, "nas sociedades ricas
e desenvolvidas, existem fenómenos de marginalização, pobreza relacional, moral e
espiritual: trata-se de pessoas interiormente desorientadas, que vivem diversas formas
de mal-estar apesar da prosperidade económica”. O Vaticano agradece aos budistas
o seu “testemunho inspirador de desapego e de contentamento com o que se tem”. “Entre
vós, monges, monjas e muitos leigos devotos abraçam a pobreza «por escolha», que nutre
espiritualmente o coração humano, enriquecendo de modo essencial a vida com uma perspectiva
mais profunda sobre o significado da existência e mantendo o empenho de promover a
boa vontade de toda a comunidade humana”, acrescenta a mensagem.