«A confiança na iniciativa de Deus e a resposta humana»: mensagem do Papa para o 46º
dia mundial de oração pelas vocações ( 3 de Maio de 2009-IV Domingo de Páscoa)
(31/3/2009) «A confiança na iniciativa de Deus e a resposta humana» foi o tema desenvolvido
pelo Santo Padre, na Mensagem para o 46º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que
se celebrará no V Domingo da Páscoa, a 3 de Maio próximo. Evocando a exortação de
Jesus «Rogai ao Senhor da messe que envie trabalhadores para a sua messe», Bento
XVI observa que “a vocação ao sacerdócio e à vida consagrada constitui um dom divino
especial, que se insere no vasto projecto de amor e salvação que Deus tem para cada
pessoa e para a humanidade inteira”. “Dentro da vocação universal à santidade, sobressai
a peculiar iniciativa de Deus ter escolhido alguns para seguirem mais de perto o seu
Filho Jesus Cristo tornando-se seus ministros e testemunhas privilegiadas”.
“No
decorrer dos séculos, respondendo à vocação do Senhor e dóceis à acção do Espírito
Santo, fileiras inumeráveis de presbíteros e pessoas consagradas puseram-se ao serviço
total do Evangelho na Igreja”. “Também hoje Ele continua a convocar trabalhadores
para a sua vinha. Se é verdade que, em algumas regiões, se regista uma preocupante
carência de presbíteros e que não faltam dificuldades e obstáculos no caminho da Igreja,
sustenta-nos a certeza inabalável de que esta é guiada firmemente nas sendas do tempo
rumo à realização definitiva do Reino por Ele, o Senhor, que livremente escolhe e
convida a segui-Lo pessoas de qualquer cultura e idade, segundo os insondáveis desígnios
do seu amor misericordioso” – assegura o Papa na sua Mensagem.
“Nosso primeiro
dever – prossegue - é manter viva, através de uma oração incessante, esta invocação
da iniciativa divina nas famílias e nas paróquias, nos movimentos e nas associações
empenhados no apostolado, nas comunidades religiosas e em todas as articulações da
vida diocesana. Devemos rezar para que todo o povo cristão cresça na confiança em
Deus, sabendo que o «Senhor da messe» não cessa de pedir a alguns que livremente disponibilizem
a sua existência para colaborar mais intimamente com Ele na obra da salvação. Entretanto,
por parte daqueles que são chamados, exige-se-lhes escuta atenta e prudente discernimento,
generosa e pronta adesão ao projecto divino, sério aprofundamento do que é próprio
da vocação sacerdotal e religiosa para lhe corresponder de modo responsável e convicto”.
Referindo
depois o mistério, a Mensagem papal sublinha que “a Igreja recebeu a Eucaristia de
Cristo seu Senhor, não como um dom, embora precioso, entre muitos outros, mas como
o dom por excelência, porque dom d’Ele mesmo, da sua Pessoa na humanidade sagrada,
e também da sua obra de salvação”. “Quem está destinado a perpetuar este mistério
salvífico ao longo dos séculos, até ao regresso glorioso do Senhor, são os presbíteros,
que podem precisamente contemplar em Cristo eucarístico o modelo exímio de um «diálogo
vocacional» entre a livre iniciativa do Pai e a resposta confiante de Cristo. Na celebração
eucarística, é o próprio Cristo que age naqueles que Ele escolhe como seus ministros;
sustenta-os para que a sua resposta cresça numa dimensão de confiança e de gratidão
que dissipe todo o medo, mesmo quando se faz mais intensa a experiência da própria
fraqueza, ou o ambiente se torna mais hirto de incompreensão ou até de perseguição”.
Neste
contexto, Bento XVI evoca o “fecundo diálogo” que se estabelece entre Deus e a pessoa,
um misterioso encontro entre o amor do Senhor que chama e a liberdade do ser humano
que Lhe responde no amor, sentindo ressoar no seu espírito as palavras de Jesus: «Não
fostes vós que Me escolhestes, fui Eu que vos escolhi e vos nomeei para irdes e dardes
fruto, e o vosso fruto permanecer». “Este amoroso enlace entre a iniciativa divina
e a resposta humana está presente também, de forma admirável, na vocação à vida consagrada.
“Mais uma vez – sublinha o Papa - convém reafirmar que a resposta da pessoa
à vocação divina – sempre que se esteja consciente de que é Deus a tomar a iniciativa
e é Ele também a levar a bom termo o seu projecto salvífico – não se reveste jamais
do cálculo medroso do servo preguiçoso, que por medo escondeu na terra o talento que
lhe fora confiado, mas exprime-se numa pronta adesão ao convite do Senhor, como fez
Pedro quando, apesar de ter trabalhado toda a noite sem nada apanhar, não hesitou
em lançar novamente as redes confiando na palavra d’Ele. Sem abdicar de forma alguma
da responsabilidade pessoal, a resposta livre do homem a Deus torna-se assim «corresponsabilidade»,
responsabilidade em e com Cristo, em virtude da acção do seu Santo Espírito; faz-se
comunhão com Aquele que nos torna capazes de dar muito fruto”.
Evocando, como
“emblemática resposta humana”, o «Amen» generoso e total da Virgem de Nazaré, pronunciado
com humilde e decidida adesão aos desígnios do Altíssimo”, Bento XVI conclui a sua
mensagem exortando os fiéis a “não desanimar perante as dificuldades e as dúvidas”,
confiando, isso sim, em Deus, seguindo fielmente Jesus e sendo testemunhas da alegria
que brota da união íntima com Ele.” (texto integral em "Documentos do Vaticano")