2009-03-31 13:23:33

«A confiança na iniciativa de Deus e a resposta humana»: mensagem do Papa para o 46º dia mundial de oração pelas vocações ( 3 de Maio de 2009-IV Domingo de Páscoa)


(31/3/2009) «A confiança na iniciativa de Deus e a resposta humana» foi o tema desenvolvido pelo Santo Padre, na Mensagem para o 46º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que se celebrará no V Domingo da Páscoa, a 3 de Maio próximo. Evocando a exortação de Jesus «Rogai ao Senhor da messe que envie trabalhadores para a sua messe», Bento XVI observa que “a vocação ao sacerdócio e à vida consagrada constitui um dom divino especial, que se insere no vasto projecto de amor e salvação que Deus tem para cada pessoa e para a humanidade inteira”. “Dentro da vocação universal à santidade, sobressai a peculiar iniciativa de Deus ter escolhido alguns para seguirem mais de perto o seu Filho Jesus Cristo tornando-se seus ministros e testemunhas privilegiadas”.

“No decorrer dos séculos, respondendo à vocação do Senhor e dóceis à acção do Espírito Santo, fileiras inumeráveis de presbíteros e pessoas consagradas puseram-se ao serviço total do Evangelho na Igreja”. “Também hoje Ele continua a convocar trabalhadores para a sua vinha. Se é verdade que, em algumas regiões, se regista uma preocupante carência de presbíteros e que não faltam dificuldades e obstáculos no caminho da Igreja, sustenta-nos a certeza inabalável de que esta é guiada firmemente nas sendas do tempo rumo à realização definitiva do Reino por Ele, o Senhor, que livremente escolhe e convida a segui-Lo pessoas de qualquer cultura e idade, segundo os insondáveis desígnios do seu amor misericordioso” – assegura o Papa na sua Mensagem.

“Nosso primeiro dever – prossegue - é manter viva, através de uma oração incessante, esta invocação da iniciativa divina nas famílias e nas paróquias, nos movimentos e nas associações empenhados no apostolado, nas comunidades religiosas e em todas as articulações da vida diocesana. Devemos rezar para que todo o povo cristão cresça na confiança em Deus, sabendo que o «Senhor da messe» não cessa de pedir a alguns que livremente disponibilizem a sua existência para colaborar mais intimamente com Ele na obra da salvação. Entretanto, por parte daqueles que são chamados, exige-se-lhes escuta atenta e prudente discernimento, generosa e pronta adesão ao projecto divino, sério aprofundamento do que é próprio da vocação sacerdotal e religiosa para lhe corresponder de modo responsável e convicto”.


Referindo depois o mistério, a Mensagem papal sublinha que “a Igreja recebeu a Eucaristia de Cristo seu Senhor, não como um dom, embora precioso, entre muitos outros, mas como o dom por excelência, porque dom d’Ele mesmo, da sua Pessoa na humanidade sagrada, e também da sua obra de salvação”. “Quem está destinado a perpetuar este mistério salvífico ao longo dos séculos, até ao regresso glorioso do Senhor, são os presbíteros, que podem precisamente contemplar em Cristo eucarístico o modelo exímio de um «diálogo vocacional» entre a livre iniciativa do Pai e a resposta confiante de Cristo. Na celebração eucarística, é o próprio Cristo que age naqueles que Ele escolhe como seus ministros; sustenta-os para que a sua resposta cresça numa dimensão de confiança e de gratidão que dissipe todo o medo, mesmo quando se faz mais intensa a experiência da própria fraqueza, ou o ambiente se torna mais hirto de incompreensão ou até de perseguição”.

Neste contexto, Bento XVI evoca o “fecundo diálogo” que se estabelece entre Deus e a pessoa, um misterioso encontro entre o amor do Senhor que chama e a liberdade do ser humano que Lhe responde no amor, sentindo ressoar no seu espírito as palavras de Jesus: «Não fostes vós que Me escolhestes, fui Eu que vos escolhi e vos nomeei para irdes e dardes fruto, e o vosso fruto permanecer». “Este amoroso enlace entre a iniciativa divina e a resposta humana está presente também, de forma admirável, na vocação à vida consagrada.

“Mais uma vez – sublinha o Papa - convém reafirmar que a resposta da pessoa à vocação divina – sempre que se esteja consciente de que é Deus a tomar a iniciativa e é Ele também a levar a bom termo o seu projecto salvífico – não se reveste jamais do cálculo medroso do servo preguiçoso, que por medo escondeu na terra o talento que lhe fora confiado, mas exprime-se numa pronta adesão ao convite do Senhor, como fez Pedro quando, apesar de ter trabalhado toda a noite sem nada apanhar, não hesitou em lançar novamente as redes confiando na palavra d’Ele. Sem abdicar de forma alguma da responsabilidade pessoal, a resposta livre do homem a Deus torna-se assim «corresponsabilidade», responsabilidade em e com Cristo, em virtude da acção do seu Santo Espírito; faz-se comunhão com Aquele que nos torna capazes de dar muito fruto”.

Evocando, como “emblemática resposta humana”, o «Amen» generoso e total da Virgem de Nazaré, pronunciado com humilde e decidida adesão aos desígnios do Altíssimo”, Bento XVI conclui a sua mensagem exortando os fiéis a “não desanimar perante as dificuldades e as dúvidas”, confiando, isso sim, em Deus, seguindo fielmente Jesus e sendo testemunhas da alegria que brota da união íntima com Ele.”
(texto integral em "Documentos do Vaticano")












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