Ministro Geral dos Franciscanos em Portugal, assinalando os 800 anos da Ordem
(30/3/2009) O Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores, Frei José Rodriguez Carballo,
de visita a Portugal, apontou os valores de fraternidade e solidariedade como caminho
para ultrapassar a crise internacional que o mundo atravessa. Frei José Rodriguez
Carballo considerou que o mundo “precisa dos franciscanos não por serem franciscanos
só por si, mas enquanto pessoas que vivem o Evangelho”. Num mundo dividido como o
de hoje, “a fraternidade faz ainda mais sentido”, tal como a solidariedade. “Numa
sociedade de crise económica tem mais sentido que nunca. Uma solidariedade que partilha
o que temos mas acima de tudo o que somos”. Por ocasião da celebração dos 800
anos da Ordem dos Frades Menores, o Ministro geral da Ordem vai estar dois dias em
Portugal, país que afirma “acolheu o franciscanismo de braços abertos”. Foi com este
propósito que se reuniu com o Presidente da República, Cavaco Silva, no Palácio de
Belém, “exclusivamente para agradecer o acolhimento que o povo português deu sempre
aos Franciscanos”. O encontro abordou ainda os valores franciscanos, e “a resposta
que os franciscanos são chamados a dar neste momento de crise, sobretudo ao nível
da solidariedade e da fraternidade”. Momentos depois, o Ministro geral presidiu
a uma eucaristia na igreja da Madre Deus, em Lisboa. O Frei José Rodriguez Carballo
apontou a comemoração dos 800 anos como uma oportunidade para voltar ao princípio
e fundamento do carisma. “Que seja um momento de graça para por no centro o Evangelho
como regra e vida para todos”. O Ministro geral rejeitou o regresso às origens no
século XII. “Não devemos procurar uma sociedade que já passou, mas voltar aos valores
que deram sentido à vida de Francisco e de Clara. Se somos muitos ou poucos é relativo.
Importa viver com radicalidade e fidelidade criativa”. O jubileu é o momento de
“nos centrarmos nos elementos essenciais – pobreza, solidariedade, vida em comunidade,
mas também de nos descentrarmos e irmos ao encontro do pobre”. O Frei José Rodriguez
Carballo afirmou durante a homilia que a sociedade precisa de “esperança” e de “respostas
aos sinais dos tempos”. “Temos de viver o presente com paixão, por Cristo, pela
humanidade e pelos mais pobres que sofrem, sempre com caridade criativa”. O Frei
Vítor Melícias, Ministro Provincial da Ordem dos Frades Menores, recordou valores
de humanidade professados por Francisco de Assis mas que não se uma “enorme actualidade”.
A celebração de 800 anos de vocação e vida franciscana “tem servido de estímulo
para regressar às origens, independentemente do modo e da cultura onde se vive. Não
vivemos no Séc. XII, mas no Séc. XXI a avançar para um futuro acelerado. Devemos estar
abertos à mudança sem perder o essencial, que não deve mudar”, frisou. O Ministro
Provincial apontou como essencial “viver no meio do povo, fazer os mesmos trabalhos,
vivendo as dificuldades, mas sem possuir nada, utilizando os recursos como utilizam
as pessoas, com sobriedade e sem escravidão”. “O testemunho da liberdade é essencial
para se ultrapassar a crise”, considerou, adiantando que a situação mundial é fruto
da “falta de seriedade”. “Na sociedade de hoje é ainda mais imperioso que as pessoas
que são sérias vivam na sociedade seriamente e se apresentem com exigências. Precisamos
de um mundo onde as pessoas não se vendam por tudo, mas onde existam outras regras
que ajudem a ultrapassar a crise”. O Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo,
esteve também presente na celebração eucaristia na igreja da Madre Deus e recebeu
das mãos do Ministro Geral a medalha celebrativa dos 800 anos da Ordem dos Frades
Menores. No final considerou que a “ordem fransciscana é sintoma que é Deus que guia
a Igreja e faz nascer respostas adaptadas a cada tempo”. “Numa sociedade que vive
o capitalismo feroz, o racionalismo sem inteligência, a quebra de harmonia entre o
homem e a natureza, os franciscanos fazem falta com a sua mensagem, a indicar a fidelidade
e a verdade primeira”.