Brasília, 30 mar (RV) - A coordenadora da Comissão de Justiça e Paz da CNBB
no Regional Norte 2, Irmã Henriqueta Cavalcante, foi ameaçada de morte por telefone,
na última terça-feira, na sede da Conferência. A situação foi descrita pelo deputado
Arnaldo Jordy, relator da CPI da Pedofilia, em sessão da Assembléia Legislativa do
Estado. Henriqueta é uma das colaboradoras da CPI e já fez várias denúncias sobre
esse tipo de crime no Estado do Pará.
Logo após os telefonemas, Irmã Henriqueta
teria feito um boletim de ocorrência na Seccional do Comércio.
Por meio de
nota pública, o secretariado e as pastorais sociais da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil no Regional Norte 2 (CNBB N2) tornaram pública sua indignação e repúdio
em relação às ameaças sofridas por Irmã Henriqueta Cavalcante.
O comunicado
informa que Irmã Henriqueta Cavalcante e membros das pastorais sociais da CNBB N2
vêm desempenhando nestes últimos meses um papel primordial nos procedimentos de denúncia
e acompanhamento das investigações de casos de abuso e exploração sexual de menores
no Pará. Casos que, infelizmente, têm acontecido com participação de pessoas influentes
em nossa sociedade.
Na semana passada, foi registrada uma ameaça, feita por
telefone à coordenadora que continua atuando de modo incansável no acompanhamento
da Comissão Parlamentar de Inquérito da Pedofilia, instalada pela Assembléia Legislativa
do Estado do Pará. Irmã Henriqueta relatou a Cristiane Murray como foi este telefonema:
O secretariado
executivo do Regional interpreta a ameaça como um ato desesperado e como uma tentativa
não apenas de atingir a coordenadora da Comissão de Justiça e Paz, mas sim como uma
forma de calar a voz da Igreja diante da sua incessante luta pela defesa da vida.
As
Pastorais Sociais e Organismos que compõem a CNBB com total apoio dos bispos sempre
apoiaram todas as lutas legítimas feitas em defesa dos direitos humanos. É sabido
de todos que a Igreja, seguidora e fiel às propostas de Jesus Cristo “que veio para
que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10,10) desempenha um papel profético
na defesa e promoção da vida, denunciando toda forma de injustiça, especialmente quando
ela é praticada por aqueles que deveriam lutar em favor da justiça.
As ações
da CNBB são pensadas a partir da Palavra de Deus e da realidade construída pelos homens.
Nossa prática é pautada pelo diálogo, o respeito e, sobretudo, pelo constante testemunho,
agindo pacificamente e acreditando na paz e na construção de um mundo justo e igualitário.
A CNBB Norte 2 aproveita também para reafirmar sua opção pelos pobres, defendendo
a causa daqueles que mais necessitam de justiça em nossa sociedade. Isso se configura
também como uma resposta ao apelo da Conferência de Aparecida que evidencia que “Os
rostos sofredores dos pobres são rostos sofredores de Cristo’" (AP 393).
A
nota é assinada por Irmã Orlanda Rodrigues Alves, Secretária executiva do Regional
Norte 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. (CM)