2009-03-26 12:29:28

Bispo do Porto diz acreditar na resposta á crise


(26/3/2009) O bispo do Porto, que cumpriu esta quarta-feira dois anos à frente da diocese, diz acreditar na capacidade da sociedade portuguesa para superar a crise e no papel fundamental desempenhado pelas comunidades cristãs.
"Há na sociedade portuguesa, em geral, e na do Porto, em particular, mais do que capacidade para responder a esta e outras crises", afirmou D. Manuel Clemente, bispo do Porto, à agência Lusa.
Em tempo de crise as paróquias, misericórdias e comunidades cristãs "são constantemente procuradas para resolver os problemas de pessoas com maiores dificuldades", garantiu o prelado. Daí que D. Manuel Clemente considere "impensável" que não haja na sociedade uma "presença contínua e constante" das comunidades cristãs, sublinhando que elas devem mesmo ser "reforçadas porque as actuais circunstâncias assim o exigem".
Como bispo do Porto, afirma ter assistido nos últimos dois anos a "uma reflexão acerca do desafio social e cultural que se põe à religião", sobre o "tecido mais complexo e fluído" que é a sociedade actual, e ainda sobre a redefinição das comunidades. Essa reflexão irá culminar em 2010 com uma "missão diocesana" que passará por "propor a experiência comunitária de Cristo a quem já o esqueceu ou simplesmente está só".
O objectivo é que todas as comunidades cristãs da diocese do Porto, incluindo as 477 paróquias, partilhem a sua experiência e consigam "ir mais além na transmissão da mensagem cristã", recorrendo às novas tecnologias ou à "cultura do povo" como "as janeiras e os compassos".
Sobre a diocese do Porto, D. Clemente considera tratar-se de "uma realidade muito vasta e muito densa" para abarcar em apenas dois anos e cujas "potencialidades humanas são imensas". Ainda assim, admite que os problemas são diversos, nomeadamente os de aspecto católico e religioso.
"Temos um clero de faixa etária alta - 60 anos ou mais - e directamente adstritos à diocese são 350 para quase 500 paróquias", lamentou. Também no feminino há dificuldades em encontrar quem procure a vida religiosa. "Há muitas casas e lares ligados a religiosas", mas "há poucas mulheres".
D. Manuel Clemente nota que o catolicismo tem assistido a um aumento de praticantes em toda a parte menos na Europa. "Na Europa, a religião não passa pela fixação numa comunidade mas por um percurso individual das pessoas", contou. Essa "privatização da religião" impõe grandes desafios ao catolicismo que "insiste muito na presença comunitária".
O segundo aniversário de D. Manuel Clemente como bispo do Porto foi comemorado ontem à noite, com a apresentação, pelo sociólogo António Barreto, do livro "Um só propósito: Homilias e Escritos Pastorais em termos de Nova Evangelização" sobre o seu magistério episcopal.
( Em Jornal de Noticias)








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