Que a justa realização das aspirações fundamentais das populações mais necessitadas
constitua a preocupação principal de quantos ocupam cargos públicos foi o apelo de
Bento XVI despedindo-se de Angola
(23/3/09 Nas palavras de despedida, no aeroporto de Luanda, esta segunda feira,
Bento XVI agradeceu a todas ao Presidente da República e às restantes autoridades
angolanas, assim como aos Pastores e responsáveis das comunidades eclesiais. Uma especial
palavra de reconhecimento reservou ainda o Papa aos meios de comunicação social, aos
serviços de segurança e a todos os voluntários, que (disse) “com generosidade, eficiência
e discrição, contribuíram para o bom êxito” da visita.
“Estou grato a Deus
por ter encontrado uma Igreja viva e, apesar das dificuldades, cheia de entusiasmo,
que soube carregar a sua cruz e a dos outros, testemunhar perante todos a força salvífica
da mensagem evangélica. Ela continua a anunciar que chegou o tempo da esperança, empenhando-se
na pacificação dos ânimos e convidando ao exercício duma caridade fraterna que saiba
abrir-se ao acolhimento de todos, no respeito das ideias e sentimentos de cada um.
É hora de me despedir para voltar a Roma, triste por vos deixar, mas feliz por ter
conhecido de perto um povo corajoso e decidido a renascer. Não obstante as resistências
e os obstáculos, este povo pretende construir o seu futuro caminhando por sendas de
perdão, justiça e solidariedade”.
Num “apelo final”, Bento XVI quis ainda
“pedir que a justa realização das aspirações fundamentais das populações mais necessitadas
constitua a preocupação principal de quantos ocupam cargos públicos, visto que a sua
intenção – estou certo – é desempenhar a missão recebida, não para si mesmos, mas
em vista do bem comum”.
“O nosso coração não pode estar em paz, enquanto
virmos irmãos sofrerem por falta de alimento, de trabalho, de um tecto ou de outros
bens fundamentais. Entretanto para se oferecer uma resposta concreta a estes nossos
irmãos em humanidade, o primeiro desafio a vencer é o da solidariedade: solidariedade
entre as gerações, solidariedade entre países e entre continentes que dê origem a
uma partilha cada vez mais equitativa das riquezas da terra entre todos os homens”.
De Luanda, o Papa quis estender o olhar para a África inteira, recordando
que no próximo mês de Outubro no Vaticano, terá lugar a II Assembleia Especial do
Sínodo dos Bispos dedicada a este continente. Neste contexto, Bento XVI invocou ainda
a protecção e ajuda de Deus aos inúmeros refugiados e deslocados africanos que (disse)
“vagueiam à espera de um retorno a casa”. “É como filhos e filhas que Deus vos ama.
Ele vela sobre os vossos dias e noites, sobre as vossas fadigas e aspirações” – assegurou.Irmãos
e amigos de África, queridos angolanos, coragem! Não vos canseis de fazer progredir
a paz, cumprindo gestos de perdão e trabalhando pela reconciliação nacional, para
que jamais prevaleça a violência sobre o diálogo, o medo e o desânimo sobre a confiança,
o rancor sobre o amor fraterno. E isto poderá acontecer se vos reconhecerdes uns aos
outros como filhos do mesmo e único Pai do Céu. Deus abençoe Angola! Abençoe cada
um dos seus filhos e filhas! Abençoe o presente e o futuro desta querida Nação. Ficai
com Deus!Já o Presidente da República de Aangola, José Eduardo dos Santos, declarou
que a visita do Papa ultrapassou de longe as expectativas, sublinhando que as suas
palavras constituem um sinal de esperança e encorajamento para que toda a nação angolana
prossiga "na senda da consolidação da paz e da reconciliação nacional". Eduardo
dos Santos assegurou a Bento XVI o compromisso no prosseguimento da construção de
uma sociedade assente “no respeito pelos direitos humanos, na democracia e na justiça
social”. À imagem do que o Papa fizera este Domingo, José Eduardo dos Santos lamentou
a morte de duas jovens à entrada do Estádio do Coqueiros, no passado dia 21.