Dia mundial da água para tomar consciência da necessidade da sua partilha
(22/3/2009) A escassez de água é cenário com probabilidade agravada, se não for feito
melhor uso deste recurso, lembram as Nações Unidas, que apelam à redução da poluição
pelos países ricos. As alterações do clima podem trazer mais sede. Perto da nascente
ou da foz de um rio, todas as populações do Mundo estão no mesmo barco, afirma um
documento da ONU a propósito do Dia Mundial da Água, assinalado neste domingo. Para
2009 a chamada de atenção recai nas águas partilhadas por dois ou mais países, trate-se
de rios, lagos ou aquíferos subterrâneos. Isso acontece em 263 situações e envolve
145 países, numa realidade natural que abrange metade da superfície sólida da Terra.
Nos últimos 60 anos, contabiliza a ONU , foram estabelecidos 200 acordos bi ou multilaterais
e registaram-se 37 casos de conflitos violentos entre Estados pela posse de água.
O apelo à partilha da água com gestão também partilhada é lançado perante a perspectiva
de um agravamento da disponibilidade do recurso: estão em causa, lembram as Nações
Unidas, as alterações climáticas (com previsíveis secas em muitas regiões e arrastando
também o degelo dos glaciares). Mas não é só a disponibilidade que poderá fazer
com que em 2025 cerca de 1.800 milhões de pessoas vivam em zonas com absoluta escassez
e dois terços da humanidade sofram restrições no abastecimento. Os países industrializados
estão a poluir os rios ao lançarem neles resíduos que em 70% do volume não foram tratados. Os
rios transfronteiriços foram objecto de uma Convenção adoptada pela ONU em 1997, mas
o documento não entrou em vigor, porque apenas 16 dos 35 países necessários a ratificaram.
Do Fórum Mundial da Água, que hoje encerra em Istambul após uma semana de trabalhos,
as agências noticiosas dão conta das três grandes forças ali representadas: governos
(70 ministro), organizações não-governamentais e empresas do sector da água e saneamento.
É esperado que a reunião produza um documento final, mas ontem ainda não havia
consenso sobre a proclamação do acesso à água como direito fundamental do ser humano
ou necessidade fundamental. Em cada 15 segundos morre uma criança por doenças
relacionadas com a falta de água.