2009-03-21 17:19:27

Comunidade internacional evite "politica de avestruz" na Guiné Bissau


(21/3/2009) A impunidade é um factor importante na instabilidade há mais de uma década na Guiné-Bissau e "a comunidade internacional não quer continuar com essa política de avestruz", disse à Lusa o ministro cabo-verdiano dos Negócios Estrangeiros.
Há o sentimento generalizado na comunidade internacional de que não se pode continuar com a impunidade na Guiné-Bissau. Houve vários acontecimentos no passado que nunca foram julgados e a comunidade internacional não quer continuar com essa política de avestruz. A impunidade é também responsável pelas sucessivas crises", afirmou José Brito, referindo-se à ausência de condenações nos últimos anos de pessoas envolvidas em golpes de Estado ou crimes com motivações políticas.
O chefe da diplomacia de Cabo Verde esteve quarta e quinta-feira em Bissau a participar na reunião do Conselho de Mediação e Segurança da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) sobre a Guiné-Bissau.
Em declarações à Lusa, José Brito sublinhou que o futuro do país passa pela estabilização política, económica, judicial e militar, que só será possível depois de garantidas as condições para que acabe a impunidade, mesmo depois da aprovação, em 2008, da Lei da Amnistia.
Por essa razão, disse José Brito, a CEDEAO decidiu criar uma comissão de inquérito internacional para investigar os assassínios do presidente guineense, João Bernardo "Nino" Vieira, na madrugada de 02 deste mês, e do chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) da Guiné-Bissau, Tagmé Na Waié, na véspera.
Uma comissão de inquérito foi criada pelo procurador-geral guineense no mesmo dia que o Presidente guineense morreu, mas só começou os trabalhos de investigação uma semana mais tarde.
Outra comissão de inquérito, da iniciativa das Forças Armadas, na sequência do assassínio de Tagmé Na Waié, tem pessoas detidas, mas é desconhecido o número de suspeitos e suas identidades.
O chefe da diplomacia cabo-verdiana deu, por outro lado, a entender que as eleições presidenciais guineenses poderão ser adiadas, uma vez que é preciso apurar ainda se há condições logísticas, técnicas e políticas para as concretizar.
A reforma do sector da Defesa e Segurança foi outra das questões abordadas pela CEDEAO em Bissau, ficando claro, segundo o ministro cabo-verdiano, a necessidade de que as missões em curso, "todas dispersas e sem coordenação", sejam unificadas num só comando.
"Sabemos do impacte do tráfico de droga na Guiné-Bissau. A CEDEAO e a CPLP vão apoiar essa luta, pois a Guiné-Bissau não tem meios suficientes e essa questão deverá também ser incluída na reunião com os doadores", em Abril, na Cidade da Praia, sublinhou, adiantando a aposta na formação de agentes policiais e da judiciária e na recolha e tratamento da informação.








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