2009-03-20 18:30:25

“O respeito e promoção dos direitos humanos, governo transparente, magistratura independente, comunicação social livre, administração pública honesta, rede de escolas e de hospitais que funcionem de modo adequado, e a firme determinação, radicada na conversão dos corações, de acabar de uma vez por todas com a corrupção”: Bento XVI no encontro com as autoridades e o corpo diplomático em Luanda


(20/3/2009) No discurso que dirigiu ao Corpo Diplomático e às autoridades políticas, Bento XVI começou por se congratular pelo facto de Angola ser hoje – disse - um país “que se levanta”: “após vinte e sete anos de guerra civil…, a paz começou a lançar raízes, trazendo consigo os frutos da estabilidade e da liberdade. Os esforços palpáveis do Governo para estabelecer as infra-estruturas e recriar as instituições fundamentais ao progresso e bem-estar da sociedade fizeram voltar a esperança entre os cidadãos da nação”.

“Angola sabe que chegou para a África o tempo da esperança. Cada comportamento humano recto é esperança em acção. As nossas acções nunca são indiferentes aos olhos de Deus; e também não o são para o progresso da história”.

Prosseguindo com palavras que, mais do que ao Corpo Diplomático, se dirigiam às autoridades, e mais em geral ainda, a todos os angolanos e mesmo aos africanos em geral, o Papa sublinhou que, “armados de um coração íntegro, magnânimo e compassivo”, poderão “transformar este continente, libertando o povo do flagelo da avidez, da violência e da desordem e guiando-o pela senda daqueles princípios que são indispensáveis em qualquer democracia civil moderna” E o Papa explicitou:

“O respeito e promoção dos direitos humanos, um governo transparente, uma magistratura independente, uma comunicação social livre, uma administração pública honesta, uma rede de escolas e de hospitais que funcionem de modo adequado, e a firme determinação, radicada na conversão dos corações, de acabar de uma vez por todas com a corrupção”.

Referindo “a necessidade duma perspectiva ética do desenvolvimento”, Bento XVI sublinhou que “as pessoas deste continente pedem justamente uma conversão - profundamente convicta e duradoura - dos corações à fraternidade”. “A quantos servem na política, na administração pública, nas agências internacionais e nas companhias multinacionais”, os africanos (lembrou o Papa) pedem sobretudo que permaneçam ao seu lado de modo verdadeiramente humano, acompanhando pessoas, famílias e comunidades, mas sem as substituir.

“O desenvolvimento económico e social da África requer a coordenação do Governo nacional com as iniciativas regionais e com as decisões internacionais. Uma tal coordenação supõe que as nações africanas não sejam vistas apenas como destinatárias dos planos e soluções elaborados por outros. Os próprios africanos, trabalhando juntos para o bem das suas comunidades, devem ser os agentes primários do seu desenvolvimento.”
O Papa sublinhou a necessidade de apoiar as iniciativas internacionais que favoreçam segurança, estabilidade e desenvolvimento, nomeadamente na Região dos Grandes Lagos, assim como as que promovam transparência, exercício comercial honesto e bom governo. É urgente e importante (observou o Papa) que a comunidade internacional coordene esforços para enfrentar a questão das alterações climáticas e cumpra os compromissos em prol do desenvolvimento, concretizando nomeadamente a promessa, muitas vezes repetida pelos países desenvolvidos, de destinarem 0,7% do seu PIB (produto interno bruto) a ajudas oficiais ao desenvolvimento.

Bento XVI referiu que os dias já passados em África nele têm suscitado “aquela profunda alegria humana que se sente ao voltar a casa, ao seio da família”. Ora se em África – sublinhou o Papa, citando a “Ecclesia in África” - «a família constitui a base sobre a qual assenta o edifício da sociedade», não faltam problemas, também a este nível:

“Entretanto, como todos sabem, também aqui se abatem numerosas pressões sobre as famílias: ânsia e humilhação causadas pela pobreza, desemprego, doença, exílio… para mencionar apenas algumas. Particularmente inquietante é o jugo opressivo da discriminação sobre mulheres e jovens meninas, para não falar daquela prática inqualificável que é a violência e exploração sexual que lhes causa tantas humilhações e traumas”.

Quase a concluir, Bento XVI assegurou que a Igreja – por vontade do seu Fundador divino – se encontrará sempre ao lado dos mais pobres do continente. Através de iniciativas diocesanas, das muitas obras educativas, sanitárias e sociais das diferentes ordens religiosas e de programas para o desenvolvimento, a Igreja continuará a fazer tudo o possível para apoiar as famílias (nomeadamente as que se encontram feridas pelos trágicos efeitos da SIDA) e para promover a igual dignidade de homens e mulheres na base de uma harmoniosa complementaridade.

“O caminho espiritual do cristão é o da conversão diária; a isto mesmo a Igreja convida todos os líderes da humanidade para que esta possa trilhar as sendas da verdade, da integridade, do respeito e da solidariedade.”
(texto integral em "viagens apostólicas")







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