2009-03-20 14:18:56

Que o tempo da paz, na justiça e na fraternidade, não conheça ocaso em Angola, permitindo-lhe cumprir a missão que Deus lhe confiou em favor do seu povo e no concerto das nações: Bento XVI á sua chegada a Luanda


(20/3/2009) Na saudação pronunciada no aeroporto de Luanda logo à chegada a Angola no inicio da tarde desta sexta feira, Bento XVI declarou o desejo de oferecer ao povo angolano um “cordial encorajamento a prosseguir no caminho da pacificação e da reconstrução do país e das suas instituições”. Agradecendo ao presidente de Angola o convite a visitar o país, e as saudações que acabara de lhe dirigir, o Papa quis evocar João Paulo II, que ali se deslocou em Junho de 1992:

“Incansável missionário de Jesus Cristo até aos confins da terra, mostrou o caminho para Deus, convidando todos os homens de boa vontade a escutarem a própria consciência rectamente formada e a edificarem uma sociedade de justiça, paz e solidariedade, na caridade e no perdão recíproco.”

Pela sua parte, disse, vindo de um país que conheceu a guerra e a separação entre irmãos “por causa de ideologias devastadoras e desumanas que, sob a falsa aparência de sonhos e ilusões, faziam pesar sobre os homens o jugo da opressão”, Bento XVI declarou-se “sensível ao diálogo entre os homens para superar qualquer forma de conflito e de tensão e fazer de cada nação uma casa de paz e fraternidade”. Para tal, “há que ir ao encontro uns dos outros sem medo, aceitando partilhar as próprias riquezas espirituais e materiais em benefício de todos”.

“Queridos amigos angolanos, o vosso território é rico; a vossa nação é forte. Usai, porém, estes vossos créditos para favorecer a paz e o entendimento entre os povos, numa base de lealdade e igualdade que promova na África aquele futuro pacífico e solidário a que todos aspiram e têm direito. Para isso, vos peço: Não vos rendais à lei do mais forte!”

Recordando que “Deus concedeu aos seres humanos voar… com as asas da razão e da fé”, o Papa convidou todos os angolanos a “reconhecer no outro um irmão que nasceu com os mesmos direitos humanos fundamentais”. Isso, porque – lembrou – infelizmente existem ainda em Angola “muitos pobres, que reclamam o respeito dos seus direitos”.

“Não se pode esquecer a multidão de angolanos que vive abaixo da linha de pobreza absoluta. Não desiludam as suas expectativas!
Trata-se de uma obra imensa, que requer uma maior participação cívica de todos. É necessário envolver nela a sociedade civil angolana inteira, mas esta precisa de apresentar-se mais forte e articulada tanto entre as forças que a compõem como também no diálogo com o Governo. Para dar vida a uma sociedade verdadeiramente atenta ao bem comum, são necessários valores compartilhados por todos”.

Bento XVI exprimiu a sua convicção de que Angola poderá encontrar esses valores comuns no Evangelho de Jesus Cristo, seguindo as pegadas dos angolanos que já há quinhentos anos a ele aderiram:

Eis o motivo imediato que me trouxe a Angola: encontrar-me com uma das mais antigas comunidades católicas da África sub-equatorial, para a confirmar na sua fé em Jesus ressuscitado e unir-me às preces de seus filhos e filhas para que o tempo da paz, na justiça e na fraternidade, não conheça ocaso em Angola, permitindo-lhe cumprir a missão que Deus lhe confiou em favor do seu povo e no concerto das nações. Deus abençoe Angola!
Eduardo dos Santos, por seu lado, confessou que a visita papal tem sido aguardada com “grande expectativa”, revelando que milhares de voluntários ajudaram as autoridades políticas e religiosas na prepração da recepção ao Papa.
Os angolanos, assinalou, "farão tudo o que estiver ao seu alcance" para dar a esta visita "a dimensão, a projecção e a elevação que ela merece".
“É com grande alegria que acolhemos Sua Santidade. No fundo, concorremos todos para a realização do mesmo ideal, consolidar uma nação espiritualmente harmónica e tolerante, capaz de assumir as suas responsabilidades em defesa da honra e da dignidade humanas”, apontou.
O Chefe de Estado angolano falou no “papel relevante” da Igreja na construção da paz e reconciliação em Angola, bem como na manutenção entre os angolanos de “um sentimento de esperança”.
Bento XVI, que recebeu honras protocolares reservadas a um Chefe de Estado, seguiu depois, a bordo do seu “Papamóvel”, num cortejo que percorreu várias artérias da cidade de Luanda, antes de chegar à sua residência oficial, na Nunciatura Apostólica.
O lema da visita papal é "Bento XVI abençoa a Nossa Terra".
Ainda hoje, Bento XVI encontra-se com o presidente José Eduardo dos Santos, com autoridades civis e políticas, com o corpo diplomático e com os Bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé.
No Sábado, 21, o programa do Papa inclui uma Missa na Igreja de São Paulo e um encontro com os jovens, mais tare, no Estádio dos Coqueiros.
No Domingo tem lugar uma Missa na esplanada de Cimangola e à tarde um encontro com os movimentos católicos responsáveis pela promoção da mulher.
A viagem, que em Angola assinala os 500 anos de evangelização deste país lusófono, conclui-se Segunda-feira, 23 de Março, com uma cerimónia de despedida no aeroporto de Luanda. A última visita de um Papa aconteceu em Junho de 1992, por João Paulo II, celebrando os começos da evangelização do país, há cinco séculos atrás.










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