2009-03-20 16:13:02

BENTO XVI CHEGA A TERRAS ANGOLANAS


Luanda, 20 mar (RV) - No quarto dia desta sua viagem apostólica à África, Bento XVI chegou hoje a Luanda, segunda e última etapa de sua primeira viagem pelo continente africano, para comemorar os 500 anos da evangelização de Angola, o primeiro país da África austral aonde chegaram os missionários católicos.

O avião que levou o pontífice de Iaundê, capital da República de Camarões, a Luanda, aterrissou no aeroporto "4 de Fevereiro" às 8h42 (hora de Brasília). Bento XVI foi recepcionado pelo presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, acompanhado de sua esposa.

Também foram dar as boas-vindas ao papa, o arcebispo de Luanda, Dom Damião António Franklin, presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe, juntamente com o bispo de Cabinda, Dom Filomeno do Nascimento Vieira Dias, além de outras autoridades religiosas e civis.

Por ocasião da chegada do papa a Angola, as autoridades declararam o dia de hoje feriado, para oferecer a Bento XVI uma "recepção digna". De fato, peregrinos de todo o país e dos países limítrofes chegam a Luanda, para participar da santa missa que será celebrada no próximo domingo, no norte da cidade, para a qual estão sendo esperados 500 mil fiéis.

"Com um profundo sentimento de respeito e simpatia − disse o pontífice − piso o solo desta nobre e jovem nação, no âmbito de uma visita pastoral que, no meu espírito, tem por horizonte o continente africano, embora tenha tido de limitar meus passos a Iaundê e Luanda. Saibam, porém que, no meu coração e oração, tenho presentes a África em geral e o povo de Angola em particular, a quem desejo oferecer o meu cordial encorajamento a prosseguir no caminho da pacificação e da reconstrução do país e das instituições."

Depois de agradecer ao Presidente Eduardo dos Santos pelo amável convite para visitar Angola e pelas cordiais expressões de boas-vindas, Bento XVI saudou toda a Igreja Católica em Angola, na pessoa de seus bispos, e todos "os amigos angolanos pela calorosa acolhida".

"Como não recordar – continuou Bento XVI − aquele ilustre visitante que abençoou Angola em junho de 1992 − meu amado predecessor João Paulo II?! Incansável missionário de Jesus Cristo até os confins da terra, mostrou o caminho para Deus, convidando todos os homens de boa vontade a escutarem a própria consciência retamente formada e a edificarem uma sociedade de justiça, paz e solidariedade, na caridade e no perdão recíproco."

Bento XVI:- "Quanto a mim, venho de um país onde a paz e a fraternidade são caras aos corações de todos os habitantes, em particular aos corações daqueles que, como eu, viveram a guerra e a separação entre irmãos pertencentes à mesma nação, por causa de ideologias devastadoras e desumanas que, sob a falsa aparência de sonhos e ilusões, faziam pesar sobre os homens o jugo da opressão." RealAudioMP3

"Por isso, vocês podem compreender como sou sensível ao diálogo entre os homens, como via para superar toda e qualquer forma de conflito e de tensão, para fazer de cada nação e, por conseguinte, também da e sua pátria, uma casa de paz e fraternidade. Com tal finalidade, vocês devem tirar de seu patrimônio espiritual e cultural, os melhores valores de que Angola é portadora, para irem ao encontro uns dos outros, sem medo, aceitando partilhar as próprias riquezas espirituais e materiais em benefício de todos."

A seguir, o Santo Padre voltou seu pensamento às populações da província do Kunene, flageladas por chuvas intensas e aluviões que deixaram numerosos mortos e tantas famílias desalojadas, em virtude da destruição de suas casas. "Àquelas provadas populações – frisou o pontífice – desejo, neste momento, fazer chegar a certeza da minha solidariedade, juntamente com um particular encorajamento a terem confiança, para recomeçar, com a ajuda de todos."

Bento XVI:- "Queridos amigos angolanos, seu território é rico e sua nação é forte. Usem, porém, esses seus créditos, para favorecer a paz e o entendimento entre os povos, com base na lealdade e igualdade, a fim de promover na África, aquele futuro pacífico e solidário a que todos aspiram e têm direito. Para isso, eu lhes peço: Não se rendam à lei do mais forte!" RealAudioMP3

"Porque Deus concedeu aos seres humanos, voar sobre as suas tendências naturais com as asas da razão e da fé. Se vocês se deixarem levar por elas, não será difícil reconhecer no outro um irmão que nasceu com os mesmos direitos humanos fundamentais. Infelizmente, dentro das fronteiras angolanas, ainda há tantos pobres que reivindicam o respeito de seus direitos. Não se pode esquecer a multidão de angolanos que vivem abaixo da linha da pobreza absoluta. Não desiludam suas expectativas!"

Bento XVI:- "Trata-se de uma obra imensa, que requer a participação cívica de todos. É necessário envolver nela a sociedade civil angolana inteira, mas esta precisa apresentar-se mais forte e articulada, tanto entre as forças que a compõem como também no diálogo com o Governo. Para dar vida a uma sociedade verdadeiramente atenta ao bem comum, são necessários valores compartilhados por todos." RealAudioMP3

Enfim, o papa recordou Dom Afonso I Mbemba-a-Nzinga que, quinhentos anos atrás, deu início, em Mbanza Congo, a um reino cristão que sobreviveu até o século XVIII. "De suas cinzas pôde, depois, surgir, já na passagem do século XIX para o XX − sublinhou o papa − uma Igreja renovada que não para de crescer até os dias de hoje, graças a Deus!"

"Eis o motivo imediato que me trouxe a Angola − disse Bento XVI − encontrar-me com uma das mais antigas comunidades católicas da África subequatorial, para confirmá-la na sua fé em Jesus ressuscitado e unir-me às preces de seus filhos e filhas, a fim de que o tempo da paz na justiça e na fraternidade não conheça ocaso em Angola, permitindo-lhe cumprir a missão que Deus lhe confiou, em favor de seu povo e no concerto das nações. Deus abençoe Angola!" (SP/AF)







All the contents on this site are copyrighted ©.