PAPA SE ENCONTRA COM A COMUNIDADE MUÇULMANA DE CAMARÕES
Iaundé, 19 mar (RV) - Último dia de permanência do papa em Iaundé, Camarões.
Amanhã, Bento XVI irá para Angola, segunda e última etapa da sua viagem apostólica
à África.
O Santo Padre iniciou cedo suas atividades, recebendo, na Nunciatura
Apostólica de Iaundé, representantes da Comunidade Muçulmana de Camarões.
Depois
do discurso de saudação de um representante da comunidade islâmica, Bento XVI tomou
a palavra, a fim de expressar sua alegria por este encontro, que “é sinal eloqüente
do desejo de se procurar ocasiões para trocar idéias sobre o modo de como a religião
possa prestar um contributo essencial para a compreensão da cultura e do mundo e para
a pacífica coexistência de todos os membros da família humana”.
“Nos Camarões,
iniciativas como a “Associação Camaronesa para o Diálogo inter-religioso” mostram
como tal diálogo leva a aumentar a compreensão recíproca e apoiar a formação de uma
ordem política estável e justa”.
Camarões é a pátria de milhares de cristãos
e muçulmanos que freqüentemente vivem, trabalham e praticam a sua fé no mesmo ambiente.
Os membros de ambas as religiões crêem num Deus único e misericordioso, que no último
dia haverá de julgar a humanidade.
“Juntos, dão testemunho dos valores
fundamentais da família, da responsabilidade social, da obediência à lei de Deus e
do amor pelos doentes e atribulados. Plasmando a sua vida segundo essas virtudes e
ensinando-as aos jovens, cristãos e muçulmanos, demonstram não só como favorecem o
pleno desenvolvimento da pessoa humana, mas também como se forjam laços de solidariedade
com os seus vizinhos e promovem o bem comum”. Aqui, o papa disse: “creio que
um dever da religião, particularmente urgente hoje, é tornar manifesto o vasto potencial
da razão humana, que é um dom de Deus e é elevada por meio da revelação e da fé. Somos
chamados, recordou, a ajudar os outros a descobrirem os sinais discretos e a presença
misteriosa de Deus no mundo, que Ele maravilhosamente criou e sustenta com o seu amor
inefável. E acrescentou:
“Uma religião genuína alarga o horizonte da compreensão
humana e permanece à base de toda a cultura humana autêntica; rejeita todas as formas
de violência e de totalitarismo: não só por princípios de fé, mas também com base
na reta razão. Na realidade, religião e razão reforçam-se mutuamente, visto que a
religião é purificada e estruturada pela razão e o potencial da razão é plenamente
libertado pela revelação e a fé”. Bento XVI concluiu seu pronunciamento à
Comunidade Muçulmana de Camarões encorajando-a a permear a sociedade com os valores
que emergem desta perspectiva e elevam a cultura humana; juntos trabalhemos para construir
a civilização do amor. “Que a cooperação entusiasta entre muçulmanos, católicos
e outros cristãos nos Camarões, disse por fim o papa, seja para outras nações africanas
um farol luminoso do enorme potencial de um empenho inter-religioso para a paz, a
justiça e o bem comum”. (MT)